quinta-feira, 28 de junho de 2012

EM CONSTRUÇÃO

- Talvez, mas eu nem devia estar aqui...
- Ah, nem vem, agora você vai lá !


A verdade sobre cada um, é revelada apenas na solidão. Em casa sozinho posso encontrar-me na totalidade, e eu gosto disso. Uma coisa difícil de segurar é a vida, essa puta escorre pelos dedos, e a gente nem vê passar. Conhecer uma pessoa por exemplo, é algo que acrescenta muita coisa a sua vida, manter as mesmas pessoas em volta, é bom, mas é mesmice, conheça algumas de vez em quando, e tomem no cu por conta delas também.

Entrei no bar, passei reto pelo dono, para este não me cobrar, fui até os fundos, onde ficam os fumantes, vi uns rostos conhecidos e por ali fiquei. Terceiro copo de cerveja, segunda história contada, quarto cigarro aceso, vi que ela entrava no bar. Um amigo contava alguma coisa sobre uma fazenda e eu mantinha meu rosto virado meio para ele, olhos meio para ela e então ouvi.
- O meu, acorda !
- Diga.
- Só de olho nas meninas que entraram é?
- Tem que dar uma conferida né..
- Ehh, mas deixa eu termina... Cinquenta caras no churrasco, e banda cover AC/DC, muit...
Não ouvia mais o que ele falava, mais fingi bem atenção, na minha cabeça só aquele rosto, aqueles olhos que pareciam ser os castanhos-mel mais lindos já feitos, o cabelo volumoso, meio cacheado, bem treinado para se movimentar maliciosamente contra os homens, Quem era ela? Enchi o copo, puxei um cigarro, mais que merda. Ela sentou na área coberta, não fuma. Ela e mais três amigas, droga. O bar não parava de encher, mais algum tempo e risadas com uns caras ali fora, ela não usava aliança, ótimo.
- Mas imagine que já não ia tá no bar !
Olhei pra trás e vi um grupo de amigos vindo, a noite vai ser boa, pareciam estar animados.
- Caralho, resolveram aparecer é?
- Pra cuidar caso você beba muito.
- Eu beber muito?

Puxamos uma mesa, sentamos. Bar. Olhei em volta, a sensação de estar rodeado de cerveja e amigos num bar, sem motivo, apenas por estar ali é maravilhosa. Conversas, cervejas, e ela não saía da minha cabeça, qual era o nome dela? Um conhecido passou pela mesas delas e fez um gesto de comprimento. Será que a conhece? Acendo mais um cigarro, penso, chamo ele.
- O, Felipe, chega aí...
- Chore.
- Conhece as garotas daquela mesa?
- Conheço.
- Sabe me dizer quem é aquela ali? A de vestido amarelo, cabelo ondulado?
- Cara, sei, é a.. Espera, é amiga da Manu, esqueci o nome agora. Gata né?
- Porra, ela é linda, vou falar com ela.
- Velho, parece que ela terminou com um carinha faz pouco tempo, nem sei se ela tá afim de algo..
- Sério, que merda, é a terceira vez que tô pra falar com ela.
Acendi outro cigarro, um gole de cerveja.
Observei o local, um pessoal aqui, outro ali, um bar animado, eu frequentei muito os bares tristes, mas é bom dar uma mudada por uns tempos, me encostei na parede, um pouco longe da mesa, e percebi que ela vinha pra área dos fumantes. Chegou, parou, me encarou, veio.
- Oi, tem um cigarro por favor?
O batom vermelho dela dançava, me chamava.
- Oi prazer, eu tenho um cigarro sim, e a propósito, me chamo Marcos. Você é?
- Desculpe, Luciana prazer, é que eu não fumo há dias, e bateu aquela vontade sabe?
- Tá aqui.
Puxei um cigarro e o isqueiro junto. Luciana. Acendi o Cigarro para ela, ela sorriu.
- Aceita?
E estendi a garrafa de cerveja.
- Por favor.
Enchi o copo de cerveja dela e o meu.
- Eu conheço você?
- Provavelmente dos bares.
- Então temos algo em comum.
- Imaginei.
- Além de curtir Los Hermanos...
- Como você sabe? Amo o som deles.
- Adivinhei, acho que eu sabia.
- Minha amiga tá sozinha vou lá tudo bem?
- Traz ela pra cá, e sentamos todos nessa mesa.
- Certeza?
- To te esperando
- Tá.
Ela foi, Linda, voltou, A voz dela em minha cabeça ainda, olhei para o Felipe, ele fez um sinal de positivo. Vinha a Luciana e duas amigas, sentaram-se.

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