terça-feira, 21 de setembro de 2010

Egoismo

O problema é só meu
não é nada com o mundo,
nem com deus, ou Deus.
Apenas, somente exclusivamente
Meu.

A única explicação de toda
a merda ser merda é
eu, eu e um pouco de mim mesmo.

Assim que eu resolver mudar,
tudo se dissolve.

Eu sou culpado da vida ser
um saco plástico cheio de
bosta humana.

Digo, as crianças
as pessoas,
os outros,
são perfeitos,
ninguém chora,
ou sofre,
ao menos eu não vejo,
porque assim eles entendem,
ou sabem,
o que importa é
que enquanto
eu não aceitar,
não poderei sorrir
nas fotografias,
ou nas ruas,
e nem cantarolar no chuveiro,
nem amar, nem odiar,
ou morrer.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Apetite

Dia 13 de outubro, era uma segunda feira,
mas por mim podia ser sexta.
Minha libertação começaria as 6 da tarde
num refeitorio cheio
de crianças.
As crianças iriam devorar,
e algumas delas eram realmente famintas
tudo que fosse posto nas mesas
eu iria apenas assistir, e tentar não
chorar.
Começaram com tratamento forte
Exatas atrás de exatas, Futuro perdido em mais futuro
Os pobres engoliam tudo sem nem saber o que
realmente era, se era necessário ou
para que servia. Mandavam, eles obedeciam.
Um deles começou a se rebelar. Disse
que queria ganhar alguma coisa com aquilo,
e na verdade ele apenas perdeu seus 20 minutos
diários ao sol.
Desgraçados de todos os jeitos os fedelhos
perderam a arte da regorgitação,
na verdade nunca a tiveram.
E eu ali, vendo, assistindo a tudo,
sem pestanejar, nem vacilar,
não quis perder uma cena,
embora cada "garfada" que davam
fosse como uma lâmina fina e afiada
mutilando aos
poucos meu cansado corpo.
Além do mais eu nada
podia fazer contra toda aquela força
aqueles ensinamentos,
que vinham com tudo a muito tempo
ensinamento que está sendo
pensada agora graças ao mal do século XXI
A doença do espírito. Pois bem, aquelas
crianças não podiam pensar,
não iriam ser apresentadas a este dom
teriam de procura-lo
e é provável que não a encontrem,
a maioria deles será FELIZ sem saber de
bosta nenhuma
A vida naquele 13 de outubro
mudava para aqueles pequenos
e para mim também,
pois eles não podiam enxergar
onde eu estava,
já eu,
jamais esquecerei seus
olhos procurando vida
e seus espíritos apagados
flutuando acima das mesas
perdidas, sem medo ou dor,
apenas devorando com apetite anoréxico
seguindo o caminho em linha reta
que eu não consegui chegar ao fim.

Vazio

Vazio
nada se compara ao vazio
mesmo porque
ele e só
e único
é vazio

é o que me agrada
estar só
no vazio
mais nada
Nada
Vazio

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O bar da esquina da rua 14.

O bar da esquina da rua
14 é nolstálgico até
para quem nunca o tinha
frenquentado.

Lembro da minha primeira vez
por lá. Nem sabia o que queria
quando entrei, eu levava uma
moça bonita.

Nenhum rosto
ali me era familiar
mas seus gestos,
suas vozes, seus modos de
tragar um cigarro,
pareciam os mesmos
de certas pessoas
que já não mais
me entendem.

Passei por lá na última
segunda feira, chovia,
mas não muito, porém estava
frio, e apesar do bar estar
cheio, nesta noite eu me
fazia companhia.
Na verdade tinha esperanças
em encontrar quem que fosse
que estivesse afim beber e conversar.
Mais afim de beber.
Ninguém.

Enchia meu copo sem tremer as mãos,
lembrava de um corpo lindo
na verdade quase sem defeitos
ela era realmente maravilhosa
na verdade perfeita.
Na verdade tinha um defeito,
entendia mais de política que eu
e ouvia tantas músicas quanto eu
e talvez fosse tão inteligente quanto eu
e lia talvez mais livros do que eu(como livros de física quântica)
e sabia de cor mais letras do que eu
e era talvez mais inteligente do que eu.
Eu juro que não sou machista.

Aquele bar da esquina da rua 14
me fez conhecer muitas pessoas interessantes.
Me lembrei de um rapaz,
nunca saía de lá, pelo menos
nunca o tinha visto fora de lá
e assim durou
por um ano, e derepente
sumiu, ninguém nunca soube o que
houvera.

Segunda feira ninguém sai de casa
para encher a cara, mas lá estava
eu firme, contemplando
a chuva, na verdade o bar é
aberto, apenas uma tenda que me abrigava
o frio só aumentava
conforme eu bebia.
Olhei para o painel que piscava
o nome do lugar, fiquei
hipnotizado por uns segundos
e ouvi a mais familiar das
vozes do bar dizer
"Tá triste hoje bixo?"
"Que nada, é cansaço." eu respondi.
Este é uma das pessoas mais queridas
que já conheci, era o "garçom" do bar,
na verdade ele apenas servia as coisas
e bebia junto com o pessoal,
Mas claro recebia como garçom.
Era feio, e gordo, mas todas
as mulheres viviam abraçadas nele
e ele sempre as tratava como princesas.
Cada uma, sem importância de cor,
altura, gordura, feiura, era
mesmo um cara que
sabia falar com mulheres.

Apontei a garrafa e logo
me traziam outra, eu logo
teria de ir.
O bar da esquina da rua 14
era pra todos os estilos,
isso me enchia ás vezes,
pois os frequentadores
natos, como eu,
tinham preferência por
música de boa qualidade.

Eu tinha mesmo de ir,
paguei a conta,
me despedi,
e sabia que era um até logo,
começei a caminhar
e a chuva aumentou.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Caminhar nas lembranças

Inusitado parei em frente ao velho
de chapéu azul-marinho
Ele queria chorar
mas suas lágrimas estavam
em um túmulo.

O velho tinha bigodes
assim como nossos pais
também o tiveram
a diferença
era a superioridade
de um bigode branco

O Chapéu fazia parte do
branco bigode. E o bigode
do Azul do Chapéu

O velho tossia
tomava café
saía caminhar pelas manhãs
com seu chapéu
com seu bigode
com sua bengala
com sua solidão.

O velho
que enterrou as lágrimas
junto ao túmulo da mulher
não tinha filhos, talvez
até tivesse, mas era algo
longe demais para
se lembrar.

Lembrava o quanto
a falecida gostava de
seu bigode bem aparado.
Nunca deixou um pelo errado.

O chapéu presente
de um irmão que também
já tinha ido p'routro canto
estava velho e sujo.
Talvez porque ele
fosse velho e sujo.

O velho só caminhava pelas
manhãs. Tomava café.
Chá. Sentia dores. Tossia.
Esperava algo acontecer.
Pois este sabia,
outra chance nunca
iria aparecer,
e a vida passou,
talvez de nada adiantou.
Mas o velho apenas continuava
a caminhar, na sua
eterna lembrança
incessante do ontem.
Conformado. Até o dia
que esquecer de
arrumar aqueles
belos bigodes.
O cansaço se tornou maior...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O exagero está na ausência

O exagero é grande. Admito. Mais exagerado que o exagero, talvez apenas a ausência. Deparar-se com a mesma pasta de dentes todos os dias, tomar o mesmo caminho para o trabalho, ver as mesmas pessoas com rostos diferentes, nos causa pânico enrustido em sorrisos. Nasce o exagero. Mais n'outro dia ainda, vivenciei algo que era exagero, mais acontecia, foi sonho? Por isso eu digo, escritores desconhecem seu próprio exagero. Exagero até na palavra exagero. Dane-se o anaforismo. A vontade de transmitir o que foi vivenciado é enorme, mas realmente acontece? Ou simplesmente tudo que leio não passam de idéias baratas de mais um bêbado, ou um demente, ou um vendido qualquer? As palavras só acabam quando os dedos atrofiados de tanto contar histórias caem. A inspiração? Ela vem do excesso dentro de nós. Mas como? Porque? Devido a falta. A ausência das outras pessoas, a ausência das pessoas em suas próprias vidas. O excesso de ausência. E então, no fervor, no exagero dentro dos malditos escritores que podem tudo "Se eles tomam duas garrafas, no texto, elas se transformam em cinco"¹. Loucos que exageram por não ter vivido o que escrevem, ou por não terem vivido o suficiente o que descrevem, ou simplesmente por prescisarem viver o que ex-crevem. Malditos exageros não é moça do café e cigarros? A sintonia das palavras se perde. O mundo admite apenas um destino, com um só Deus sobre ele. É violento, é rápido, e se parado bruscamente deixa sequelas. Isto se for possível para-los. Todos estes extremistas querem alguma coisa, alguma coisa que os complete. Como isto não existe, os desgraçados tentam inventa-la através de suas mentiras, suas mentiras que retratam o mais verdadeiro sentimento dos humanos. Essa ilusão criada, certamente que pode ter sido algo real, claro, que aconteceu veridicamente, mais a partir do momento em que começam a serem contadas, transformam-se junto com todo o mundo, passam por uma metamorfose, dormem, somem criam-se, renascem. Como pode um Ser contar sobre algo que não vivenciou? Não pode. Por isso, existem os mais malditos que os malditos, que exageram sem nem saber como que foi. As suas frases viram temas, Seus textos até épicos(dane-se), mas, não passam de exageros. Extremistas todos, que engrandecem tudo que lhes é dado, mas o mais incrível que os mesmo exagerados, têm o dom de se auto-diminuir. E podemos sim afirmar, que tudo é verdade, que não inventamos nada, até porque, sempre nos pegarão sorrindo, já que nunca aprendemos a chorar. Egoístas como ninguém, Todos temos um perfilzinho. "Somos uns putos e umas putas. Os escritores - e suas escritas propositalmente muito mal engrandecidas - são um exagero."