segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Verdade seja dita. parte I

Eu me lembro bem daquele garoto
e também de suas reclamações,
dos seus olhinhos e de seu corpo gordo.
Lembro-me bem que ele morava
algumas casas da minha,
tinha os dedos curtos e mãos grandes,
mãos de vagabundo dizia minha avó.

Vai ser difícil esquecer como caçoei dele
no dia em que ele saiu para brincar com
a marca de batom da mãe no rosto. Ou
do dia em que ganhei a terceira nova bicicleta,
e ele estava com a primeira semi-nova.

Pretendo não ver mais, o albúm de fotos
onde o moleque nunca sorria devido
aos dentes encavalados.
Nem tão pouco voltar a rua em que
brincamos pela última vez juntos.

Queria recordar o motivo que
me fez acusá-lo de quebrar as janelas
de dois vizinhos, e depois rir da
surra que ele levou do padrasto.
E quem sabe saber se ele
chorava apenas quando ninguém via
ou se nas vezes em que brincávamos
de luta era só eu que me divertia.

Sempre me lembro desse garoto, do gordinho
invejoso, nunca feliz com a sua bicicleta
e dos momentos inesquecíveis para ambos,
eu e ele. Mas o que não lembro é
a expressão dele, nem do rosto,
lembro me dos olhos, verdes, brilhavam
como a ousadia dos rebeldes,
mas piscavam demasiado rápido para
percebe-lo.

O pior é que nos albuns de fotos
não vejo mais
meu sorriso de garoto,
vejo angústia e dor,
vejo amargura, insegurança,
vejo talvez meu pai,
ou minha mãe ou minha avó.

O garoto nunca mais vi,
ele sumiu, e em nosso último
encontro o gordinho disse que
não queria nunca mais brincar
comigo.
Eu fiquei por ali,
e sumi muito mais tarde,
queria vê-lo mais uma vez,
ou quem sabe apenas os olhinhos,
os olhinhos brilhantes e invejosos
para poder encara-los
e pedir uma a coisa,
a coisa mas importante
que ele não pode fazer antes por mim
e assim pedindo aliviando
minhas lembranças
gostaria apenas
de encara-lo e implorar,


Perdão.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

É muito tarde, muito mesmo
pois veja,
acabou a felicidade e as alegrias
já estão de saída.

É, está frio, mais é por algumas horas
a noite já chega, e o clima esquenta.

O sempre é inevitável,
ele e a eternidade são
partes, necessidades,
dentro de todos nós,
assim como cagar é.

Eu vou andando e vendo o que
os pais ensinam para as crianças, coitadas.
Onde está a revolta, a repulsa?
O nojo? Tudo é lindo,
basta ter sua família,
seu emprego, seu carro,
ir a praia no ano novo, comer
peru no natal, ganhar ovos de
chocolate na páscoa, sambar no
carnaval, e obviamente,
agradecer a 'Deus por Tudo isso.

Não é? Pois eu me lembro quando eu
disse para um senhor mais velho,
Eu não quero crescer, casar, procriar e morrer.
E ele me respondeu, Ei, filho, a vida é isso.

Então me lembro que é tarde, muito tarde mesmo
e EU fiquei para trás todos foram, eu fiquei, sem
nada, Nada eu, nada de mim mesmo, nada de
pessoas, de diversões, de bebidas, cigarros ou mulheres.

E cá estou,
ao lado de meu
túmulo,
que nem foi cavado,
minha sepultura,
meu descanso,
minha paz
Me acalmo ouvindo
alguns pássaros de
peito vermelho,
eles cantam uma
melodia melancólica, mas agradável.
Puxo alguma coisa do bolso,
uma foto, Linda, porque mesmo
que deixei ela casar com aquele filho da puta?
Merda.
Ela podia estar gritando comigo agorqa, por eu não ter
abaixado a tampa da privada, e depois nos trazendo
algumas cervejas enquanto nossos filho brincavam no quintal
e eu os vigiava. Não.

Será que minhas escolhas valeram qualquer coisa?
Será quem vem da Luz, pode ter piedade de tal alma.
Alma essa fudida, acabada, e perdida.
O corpo todo dia reclamando,
e as pessoas dizendo, deixa.

Cada dia acordando e se perguntando
Pra quê?
Como pode ser fácil para
as pessoas aguentarem toda essa merda
de boca fechada.
Eu não sei,
e não pretendo perguntar.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

não

Calmamente minha mão levava o cigarro até a boca. Tragada. A fumaça, eu soltava vagarosamente. O cachorro fazia barulho com o osso que estava roendo, eu batia as cinzas no cinzeiro. A luz do microondas estava acesa, talvez porque a porta estivesse aberta. Eu podia me levantar da cadeira, dar três passos e fecha-la, mas para que? Isto acabaria com minha dor? Dois mosquitos voavam em volta da fruteira, parecem restardados. Ninguém passa por esta cozinha há um bom tempo. Dei duas batidas na carteira com o indicador e puxei um cigarro, demorei um pouco pra achar o isqueiro(nunca se sabe em que bolso foi posto). O osso estava sendo escondido em algum canto, e os mosquitos ainda voavam e pousavam, pousavam normalmente no mamão, vai entender. Levantei, dei alguns passos deixando o cigarro no cinzeiro, fechei a porta do microondas, e a luz dentro dele não se apagou, perdi três passos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Egoismo

O problema é só meu
não é nada com o mundo,
nem com deus, ou Deus.
Apenas, somente exclusivamente
Meu.

A única explicação de toda
a merda ser merda é
eu, eu e um pouco de mim mesmo.

Assim que eu resolver mudar,
tudo se dissolve.

Eu sou culpado da vida ser
um saco plástico cheio de
bosta humana.

Digo, as crianças
as pessoas,
os outros,
são perfeitos,
ninguém chora,
ou sofre,
ao menos eu não vejo,
porque assim eles entendem,
ou sabem,
o que importa é
que enquanto
eu não aceitar,
não poderei sorrir
nas fotografias,
ou nas ruas,
e nem cantarolar no chuveiro,
nem amar, nem odiar,
ou morrer.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Apetite

Dia 13 de outubro, era uma segunda feira,
mas por mim podia ser sexta.
Minha libertação começaria as 6 da tarde
num refeitorio cheio
de crianças.
As crianças iriam devorar,
e algumas delas eram realmente famintas
tudo que fosse posto nas mesas
eu iria apenas assistir, e tentar não
chorar.
Começaram com tratamento forte
Exatas atrás de exatas, Futuro perdido em mais futuro
Os pobres engoliam tudo sem nem saber o que
realmente era, se era necessário ou
para que servia. Mandavam, eles obedeciam.
Um deles começou a se rebelar. Disse
que queria ganhar alguma coisa com aquilo,
e na verdade ele apenas perdeu seus 20 minutos
diários ao sol.
Desgraçados de todos os jeitos os fedelhos
perderam a arte da regorgitação,
na verdade nunca a tiveram.
E eu ali, vendo, assistindo a tudo,
sem pestanejar, nem vacilar,
não quis perder uma cena,
embora cada "garfada" que davam
fosse como uma lâmina fina e afiada
mutilando aos
poucos meu cansado corpo.
Além do mais eu nada
podia fazer contra toda aquela força
aqueles ensinamentos,
que vinham com tudo a muito tempo
ensinamento que está sendo
pensada agora graças ao mal do século XXI
A doença do espírito. Pois bem, aquelas
crianças não podiam pensar,
não iriam ser apresentadas a este dom
teriam de procura-lo
e é provável que não a encontrem,
a maioria deles será FELIZ sem saber de
bosta nenhuma
A vida naquele 13 de outubro
mudava para aqueles pequenos
e para mim também,
pois eles não podiam enxergar
onde eu estava,
já eu,
jamais esquecerei seus
olhos procurando vida
e seus espíritos apagados
flutuando acima das mesas
perdidas, sem medo ou dor,
apenas devorando com apetite anoréxico
seguindo o caminho em linha reta
que eu não consegui chegar ao fim.

Vazio

Vazio
nada se compara ao vazio
mesmo porque
ele e só
e único
é vazio

é o que me agrada
estar só
no vazio
mais nada
Nada
Vazio

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O bar da esquina da rua 14.

O bar da esquina da rua
14 é nolstálgico até
para quem nunca o tinha
frenquentado.

Lembro da minha primeira vez
por lá. Nem sabia o que queria
quando entrei, eu levava uma
moça bonita.

Nenhum rosto
ali me era familiar
mas seus gestos,
suas vozes, seus modos de
tragar um cigarro,
pareciam os mesmos
de certas pessoas
que já não mais
me entendem.

Passei por lá na última
segunda feira, chovia,
mas não muito, porém estava
frio, e apesar do bar estar
cheio, nesta noite eu me
fazia companhia.
Na verdade tinha esperanças
em encontrar quem que fosse
que estivesse afim beber e conversar.
Mais afim de beber.
Ninguém.

Enchia meu copo sem tremer as mãos,
lembrava de um corpo lindo
na verdade quase sem defeitos
ela era realmente maravilhosa
na verdade perfeita.
Na verdade tinha um defeito,
entendia mais de política que eu
e ouvia tantas músicas quanto eu
e talvez fosse tão inteligente quanto eu
e lia talvez mais livros do que eu(como livros de física quântica)
e sabia de cor mais letras do que eu
e era talvez mais inteligente do que eu.
Eu juro que não sou machista.

Aquele bar da esquina da rua 14
me fez conhecer muitas pessoas interessantes.
Me lembrei de um rapaz,
nunca saía de lá, pelo menos
nunca o tinha visto fora de lá
e assim durou
por um ano, e derepente
sumiu, ninguém nunca soube o que
houvera.

Segunda feira ninguém sai de casa
para encher a cara, mas lá estava
eu firme, contemplando
a chuva, na verdade o bar é
aberto, apenas uma tenda que me abrigava
o frio só aumentava
conforme eu bebia.
Olhei para o painel que piscava
o nome do lugar, fiquei
hipnotizado por uns segundos
e ouvi a mais familiar das
vozes do bar dizer
"Tá triste hoje bixo?"
"Que nada, é cansaço." eu respondi.
Este é uma das pessoas mais queridas
que já conheci, era o "garçom" do bar,
na verdade ele apenas servia as coisas
e bebia junto com o pessoal,
Mas claro recebia como garçom.
Era feio, e gordo, mas todas
as mulheres viviam abraçadas nele
e ele sempre as tratava como princesas.
Cada uma, sem importância de cor,
altura, gordura, feiura, era
mesmo um cara que
sabia falar com mulheres.

Apontei a garrafa e logo
me traziam outra, eu logo
teria de ir.
O bar da esquina da rua 14
era pra todos os estilos,
isso me enchia ás vezes,
pois os frequentadores
natos, como eu,
tinham preferência por
música de boa qualidade.

Eu tinha mesmo de ir,
paguei a conta,
me despedi,
e sabia que era um até logo,
começei a caminhar
e a chuva aumentou.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Caminhar nas lembranças

Inusitado parei em frente ao velho
de chapéu azul-marinho
Ele queria chorar
mas suas lágrimas estavam
em um túmulo.

O velho tinha bigodes
assim como nossos pais
também o tiveram
a diferença
era a superioridade
de um bigode branco

O Chapéu fazia parte do
branco bigode. E o bigode
do Azul do Chapéu

O velho tossia
tomava café
saía caminhar pelas manhãs
com seu chapéu
com seu bigode
com sua bengala
com sua solidão.

O velho
que enterrou as lágrimas
junto ao túmulo da mulher
não tinha filhos, talvez
até tivesse, mas era algo
longe demais para
se lembrar.

Lembrava o quanto
a falecida gostava de
seu bigode bem aparado.
Nunca deixou um pelo errado.

O chapéu presente
de um irmão que também
já tinha ido p'routro canto
estava velho e sujo.
Talvez porque ele
fosse velho e sujo.

O velho só caminhava pelas
manhãs. Tomava café.
Chá. Sentia dores. Tossia.
Esperava algo acontecer.
Pois este sabia,
outra chance nunca
iria aparecer,
e a vida passou,
talvez de nada adiantou.
Mas o velho apenas continuava
a caminhar, na sua
eterna lembrança
incessante do ontem.
Conformado. Até o dia
que esquecer de
arrumar aqueles
belos bigodes.
O cansaço se tornou maior...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O exagero está na ausência

O exagero é grande. Admito. Mais exagerado que o exagero, talvez apenas a ausência. Deparar-se com a mesma pasta de dentes todos os dias, tomar o mesmo caminho para o trabalho, ver as mesmas pessoas com rostos diferentes, nos causa pânico enrustido em sorrisos. Nasce o exagero. Mais n'outro dia ainda, vivenciei algo que era exagero, mais acontecia, foi sonho? Por isso eu digo, escritores desconhecem seu próprio exagero. Exagero até na palavra exagero. Dane-se o anaforismo. A vontade de transmitir o que foi vivenciado é enorme, mas realmente acontece? Ou simplesmente tudo que leio não passam de idéias baratas de mais um bêbado, ou um demente, ou um vendido qualquer? As palavras só acabam quando os dedos atrofiados de tanto contar histórias caem. A inspiração? Ela vem do excesso dentro de nós. Mas como? Porque? Devido a falta. A ausência das outras pessoas, a ausência das pessoas em suas próprias vidas. O excesso de ausência. E então, no fervor, no exagero dentro dos malditos escritores que podem tudo "Se eles tomam duas garrafas, no texto, elas se transformam em cinco"¹. Loucos que exageram por não ter vivido o que escrevem, ou por não terem vivido o suficiente o que descrevem, ou simplesmente por prescisarem viver o que ex-crevem. Malditos exageros não é moça do café e cigarros? A sintonia das palavras se perde. O mundo admite apenas um destino, com um só Deus sobre ele. É violento, é rápido, e se parado bruscamente deixa sequelas. Isto se for possível para-los. Todos estes extremistas querem alguma coisa, alguma coisa que os complete. Como isto não existe, os desgraçados tentam inventa-la através de suas mentiras, suas mentiras que retratam o mais verdadeiro sentimento dos humanos. Essa ilusão criada, certamente que pode ter sido algo real, claro, que aconteceu veridicamente, mais a partir do momento em que começam a serem contadas, transformam-se junto com todo o mundo, passam por uma metamorfose, dormem, somem criam-se, renascem. Como pode um Ser contar sobre algo que não vivenciou? Não pode. Por isso, existem os mais malditos que os malditos, que exageram sem nem saber como que foi. As suas frases viram temas, Seus textos até épicos(dane-se), mas, não passam de exageros. Extremistas todos, que engrandecem tudo que lhes é dado, mas o mais incrível que os mesmo exagerados, têm o dom de se auto-diminuir. E podemos sim afirmar, que tudo é verdade, que não inventamos nada, até porque, sempre nos pegarão sorrindo, já que nunca aprendemos a chorar. Egoístas como ninguém, Todos temos um perfilzinho. "Somos uns putos e umas putas. Os escritores - e suas escritas propositalmente muito mal engrandecidas - são um exagero."

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nunca se sabe

As aulas haviam acabado, só tivemos a primeira(uma vantagem da univeridade), dscutíamos sobre qual bar íamos. Acabamos por ir no mais barato, por mim perfeito. A rapaziada queria jogar umas sinucas, aceitei, desde que isso não me impedisse de beber tranquilo. Pegamos as primeiras garrafas de cervejas. Ai, o primeiro gole de cerveja gelada numa noite de calor é incrível, tomei num só gole. Enchi o copo, copos de plástico. Perdemos a primeira partida por uma bola, maldita 13, conversávamos sobre um professor com língua presa que era parecido com uma égua, e sobre as pernas da professora de metodologia, era uma fabulosa coroa conservada. Melhor de três um disse enquanto punha outra ficha na mesa, perguntei a eles sobre a banda que passava no dvd do bar, começamos a discussão sobre música brasileira. Eu já gritava com o garçom como se ele fosse de casa e ele trazia mais garrafas, jogamos, ganhamos a sinuca e eles ainda tinham três bolas na mesa, fora a 8, eu estava jogando muito bem e ganhamos a próxima também. Olhei para o Senhor Garçom, e ele já sabia o que fazer, uma moça passou por nós, mexemos com ela, que decode tentador, mais cervejas, vamos pra outro lugar comprar uma vodka? Juntamos um dinheiro, uma vodka inteira(meio barata), e um refrigerante pra misturar, fomos para o apartamento de um dos rapazes, eles ligavam loucos para amigas, eu já fazia meu segundo copo, 70 % vodka, 30% refrigerante, resolvemos ir para casa de umas garotas, a vodka tinha acabado, e eu já tinha fumado uma carteira de cigarros, comprei mais uma, me perdi dos caras, um deles me ligou, casa das meninas, eles tinham outra vodka e cervejas, bati o 11 do interfone, o portão abriu, cheguei lá e eles se embebedavam, eu não estava bêbado , estava? Elas eram em cinco, nós éramos quatro rapazes, riam de tudo, olhei pela janela, presciso fumar, tem lugar pra fumar aqui? Fuma aí mesmo disse uma morena me alcançando o cinzeiro, mais uma lata? Mais é claro. Tudo gira, mais um gole, mais risadas, mais um copo, são uns loucos, olhei pela janela, cigarro, onde se meteu o cinzeiro? A moça morena fuma, me arranja fogo, mais uma lata, foi um prazer, como chamo o elevador? Que rua vazia, onde está todo mundo, olha só um bar aberto, me vê uma cerveja e um martelo de pinga, vou vomitar, que bar é esse? Vou é pra casa. Onde está minha mochila? Dá duas latas pra viagem, cigarro, porra tenho que apagar, mas já to chegando, cigarro, cama, última lata, risadas e confusão dentro da minha cabeça, tudo gira, apagar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Consequencia inconsequente

Sentir que a cada dia envelhecemos
e não mudamos nada
é inssuportável.


Ter a vontade de acreditar
que tudo isso é uma fase
que um dia esqueceirei e
farei churrasco para família no domingo.
O tempo é tão cru e cruel quanto o mundo,
quanto a vida. talvez quanto a Deus.
Constantemente tento me lograr, me iludir.
Por instantes, tudo bem.
Mas qualquer momento estando só, me perco. Caio.
caio mas dentro de mim, dos meus orgãos, é frio, não acaba.
É horrível, forçar o choro e saber que ele está congelado.
Mudei muitas coisas em mim admito. Mas lá dentro, não.
E também, é algo que está tão bem escondido,
tão bem guardado, que não se pode tocar.
Foi minha escolha, congelar tudo.
A inocência, a verdade, o amor, a paixão, a paz.
Para então poder encarar a realidade.
Monstruosa, retalhadora, escura, doída.
Então todas as noites antes de dormir eu lembro
de um moleque, um rapaz. Saudade.
Me pergunto quem ele é,
e de onde veio, nunca ouvi a resposta.
Começei ontem a ver algumas fotos, e lá estava.
Encontrei o mesmo garoto, realmente, não sei quem é.
Embora ele tivesse alguns traços dos meus pais.
A racionalidade humana, é nosso carrasco.
Eu não posso, não devo acabar como os outros.
As pessoas me dizem, mas eu não consigo acreditar.
Ouço dizer que é tudo perfeito. O mundo, as pessoas.
As pessoas felizes.
desculpe, eu não posso acreditar.
Quando acordo imagino se algo novo vai acontecer.
Serei atropelado? Tomarei veneno, levarei um tiro? Nada.
Então segue tudo igual.
Tento algumas vezes criar motivos, nenhum deles ajuda.
Ultimamente tenho vivido mais pros'outros.
Talvez apenas pra eles.
Fico na dúvida, se sou louco, idiota, neurótico, depressivo ou
apenas estranho.
Creio que apenas uso muito meu cerebro pra inutilidades.
Tem gente nos rádios e televisores que dizem uma coisa,
dizem que tudo vai melhorar.
Estou ansioso por esta injeção de felicidade.
Decerto que é endorfina. Canalhas.

Ontem acordei Bêbe
Dormi criança
e hoje acordei jovem
para dormir
sem confiança.

Mas... Espero realmente que tudo passe
e que seja tudo idiotice, fase, algo passageiro,
coisa da juventude, loucura e tudo mais.
Pois aí voltarei a ter a paz, a paz que aquele
pirralho da foto tinha.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Melodia inesperada.

Eu não me sentia nada bem. O calor me irrita demasiadamente, nem penso em tomar café. Não aguentava mais aquele lugar fechado, com a mesma música da rotina tocando. "O teclado de computadores, telefones, pessoas, canetas, portas, risadas, reclamações, enfim idiotices."
Vi pela fresta da janela a liberdade. Sonhei com ela por uns segundos, então voltei ao dever. Esperei passar a tarde como quem espera um reencontro. Passou... A felicidade que me tomou quando saí, não tinha semelhança ou comparação, fora realmente incrível, entretanto rápida. Decidi aproveitar um tempo daquela noite, fresca e calma, cheirosa. Ainda anoitecia quando encontrei aqueles lindos olhos azuis. Minto, eles me encontraram. Passava pelo corredor da universidade e eles me seguiam, me secavam, me desejavam. Eu retribuí com mesmo impacto, e ambos ficamos estonteados sem saber o que dizer ao outro. Continuei e dobrei o corredor, chegando perto da biblioteca ouvi um violão e algumas risadas, me aproximei. Uma roda de pessoas em volta de um violão. Me ofereceram um gole de alguma coisa quente que recusei por gula e aceitei por educação, então o violão soltou uma melodia que não me traz boas lembranças. Fiquei nervoso e queria acender o cigarro, quando ouvi, vi uma mulher, queria o isqueiro emprestado, uma linda mulher, dei o isqueiro ela acendeu o cigarro, voltou-se para mim, sussurrou um obrigada, e então quando seus cabelos caíram para traz de seus ombros, e de volta para seu rosto em movimentos sincronizados e ensaiados, eu pude ver aqueles olhos azuis. Ela deu uma bela tragada, soprou a fumaça acima de nós dois, a música que eu não lembro ainda tocava, me senti bem. Diferente. Peguei uma das mãos dela, e puxei ela contra meu corpo, ela sorriu sem nenhum tipo de vergonha e me beijou. Ambos cigarros queimavam ao mesmo tempo, na verdade esquecemos deles, apenas ficamos ali sentindo algum sentimento bordo, carmesim, ou acinzentado. O perfume daquela noite ainda está na fumaça dos meus cigarros.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

batida ao solene tempo

Ao relento do tempo
ouço bem atento
soluçar o suave vento.

Começo a crer
que sempre soube ler
em todo anoitecer.

Volto pra mim mesmo
tudo está igual
Me deixei a esmo

Sozinho canto cantigas
com os pássaros ao'ressoar
tempo esquece antigas,

vidas em que eu pude voar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O tédio tem me impossibilita de escrever
a monotonia de pensar
e a rotina

me impede de ser.

Não entendo, nem pretendo
mais não consigo aguentar
Todos estas pessoas seguindo cada um uma rua
de uniformes, mochilas, carros, ônibus, e tudo mais.
Pra quê?

por que eu presciso disso tudo ein?
qualquer hora me mato ou mato alguém só
pra ter um dia de paz.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Olhos de megera
tão sincera
tão severa
quem me dera

ter um dia o coração teu.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Meu corpo ficou vazio
A alma não pertence a ele
Estou completamente sem espírito

Mas não morri

Alimento-me por hábito
Durmo pelo costume
Olheiras fundas

companheiras de meus olhos
gritam solenes por atenção

e eu apenas pisco forte
lavo o rosto com água gelada
e não deixo as olheiras irem embora.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Praças e Duques

Mais e mais estávamos cansados de cansar,
Penso em viajar nesses tempos.
Detesto calor,
e não vejo a hora de raiar o verão.

Agora, tra-ça-do o curso de mi vida*
não há condições de voltar ao passado e limpar.
Limpar meus sonhos.
Foi no momento em que sonhei,
que deixei de viver,
e passei a acreditar.

Lembro dos tempos em que pra mim,
o mundo era áureo, chorava seu brilho dourado,
através de nossos olhos.

Tempos estes em que a ingenuidade me conhecia,
a isenção de más intenções, me acompanhava.

Começa sempre em março,
normalmente em algum fim de semana.
Alguns deixam-se antes, outros depois
mas todos têm a sua vez, e por fim

corpos esparsos ao chão de uma praça.
Calados por fora,
Gritando uns com os outros por dentro,
Sorrindo e chorando,

por que não entendiam,
não podiam saber,
nem vão entender,

que aquilo era pra acontecer,
escolhidos a dedo,
que por peças do destino,
foram de encontro a caminhos
diferentes,
mas coerentes.

Um nem sabe mais meu nome,
outro apenas tem lembranças nubladas,
um nem quer mais lembrar,
mas todos sabemos que,

quando começamos a cantar n'um péssimo espanhol
e a frequência de reuniões malditas aumentou,

Cada um no outro, nem que por um dia, se encontrou.

E eu, apenas lembro com saudades,
nostalgia todo mundo sente,
eu tenho é saudades,
também medo,
mas acho,
ou sei,


Que março existe todo ano,
provavelmente em algum fim de semana,
esquecerei toda esta besteira,

e viverei novamente a descoberta do mundo.

Mágica no início,
cansada no
decorrer
sem
fim.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Rotina de impulsos.

Exatamente 7:26 da manhã(drugada) estou saindo de casa.
Os pedreiros da obra ali por perto parecem estar trabalhando
desde das 3.

7:29 as duas garotas, com bolsas de Ed. física cruzam meu caminho
a loira e a ruiva.
segundos atrás delas, um rapazote de uns 15 anos
gosto do tipo dele, mas ele devia parar de babar.
Afinal são apenas duas bundas.

Passando ao lado do terminal, lá por 7:32
enquanto dois carros, um vermelho e um preto
estão parados a roncar no sinal, passa sorrindo pra mim
a moçoila de branco, loira de rosto inocênte e corpo culpado.

Dois cachorros sempre param se lambendo
perto da banquinha em que os aposentados tomam
café com qualquer coisa. Isto acontece 7:35.

Quando já são 7:38 a namorada do bombeiro se despede
ele segue seu caminho e ela aproveita pra levar
Dodô, o cachorro, para passear.

A dona Marta nunca se atrasa.
7:45 lá está ela abrindo as porta de sua
pobre banca de jornal. Ela gosta disto,
o sorriso a entregou.

No posto, um carro de luxo,
de chamar atenção, branco,
para abastecer. Cláudio, o frentista,
sempre ganha boas gorjetas ás 7:47.

Perto da padaria, descendo do prédio,
a mulher inteira do homem cansado vai a
padaria comprar pães. Apenas 7:49 da manhã(drugada) e
esta já provoca pobres com suas roupas de ginátisca.

Quando bate 10 prá's 8 é que percebo o corre-corre.
passa a dentista, o estudante, o casal apaixonado,
o vendedor de cintos, e eu passo na frente da rodoviária...

Lacro meus pensamentos, fico perdido,
pessoas diferentes, não tanto. Sim o senhor de jaquetas
de couro está ali duas vezes por semana.
E a moça de batom vermelho, pele pálida. sempre está lá.

Estou chegando ao destino, esqueço de mim,
até de você, sumo, assumo, e começo
a virar um projeto
de homem,

perdido.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Quando mendigos morrem,
não brilham estrelas novas,
ou
mais brilhantes no céu.

Nunca sabe-se o que uma mulher diz
ao saber
que ela não é mais quem te faz sofrer.

Sempre saberemos que os filhos,
os nossos,
jamais serão perfeitos,
mas chegam bem perto.

Ouvi falar que deve-se ter
consciência total de seus atos,
e assumir responsabilidades.
Mentira.

As pessoas são puramente
feitos de ódio e dor
enrustida, graciosamente,
pelos olhos,
pelos gestos,
pelos sentimentos doces.
Verdade.

Apenas os desabafos,
vomitar as palavras,
isto me acalenta.

Ou pelo menos eu sou suficientemente
estúpido e acredito em milagres. Acredito,

mas não hoje.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Apenas como era pra ser

Era pra ser uma coisa feliz, encontra-la na despedida.
Não entendo despedidas.

Bom, ao menos tomamos uma cerveja e meia juntos.
Ouvia a banda, eles tocavam Casa das Máquinas, e ela
dançava perturbadoramente graciosa. Eu estava com azia.
Era um barzinho bom, exceto pela maioria das pessoas,
e o preço, não que fosse tão caro,
mas era mais do que eu me dispunha para pagar.
No momento em que eu cheguei as duas abraçaram-me ao mesmo tempo.
Me beijavam o rosto. Uma delas tinha um cisco, um em cada olho.
Devia estar doendo.

Conversamos sobre como a vida havia sido dura para ambos,
eu discordava. Olhei para a "primeira" e disse queia fumar.
Ela me acompanhou.
No "fumódrumo" improvisado do bar,
encontrei dois caras
discutindo cinema brasileiro,
depois estrangeiro, e por último,
Bukowski.
Pensei em me meter no diálogo dos dois, desisti fácil.

Conversamos por uns quinze minutos. Eu e a "primeira".
Por fim, esta se cansou e foi dançar. Esta dançava mal.
Voltei lá pra cima, a "segunda" esta beijando um cara.

Não sei o que acontece. Tive um caso a muito tempo com ambas,
e nunca senti nada de mais, amor.
Agora meu estômago fervia.
Eu sabia que a qualquer momento que eu a chamasse,
ela largaria do sujeito e viria me dar atenção.
Bem, foi o que eu fiz.

Olhava para ela como um pai vê uma filha. Ou não.

O que eu sei é que sempre estou disposto por ela.
Fomos dançar. Era lindo. Tocava Creedence e eu comprava outra cerveja.

Então me dei conta que já eram duas e meia da manhã,
e eu tinha de estar em outro lugar.
Outro bar.

Contei isto pra "primeira", me deu um beijo, virou-se para a amiga e foram ao banheiro.

A "segunda" estava no banheiro. Os amigos dela e o "carinha" que estava com ela,
estavam chapados e demasiado bêbados, com pouca bebida.
Ela saiu. Sorriu apenas como ela sorri ao me ver, me deus as mãos.
Eu disse "estou indo".

O sorriso virou uma careta doce,
as suas delicadas mãos apertaram as minhas.

O som da banda estava muito alto,
Ela soluçou umas duas vezes,
quando veio me abraçar.

Nunca isto tinha me acontecido.
Ela sussurrou algumas palavras e por fim
"Eu te amo".

Eu acreditei, e retribuí.

Quando um abraço é muito forte, sente-se o coração do outro bater.
Mas desta vez,
as palavras,
o abraço,
alguma coisa,

fez nosso corações baterem em sincronia. Os mesmos intervalos.
Até a música silenciou, esquecemos a balburdia em volta.
Não consegui dizer mais nada. Apenas não queria larga-la.

O uníco som que ouvimos durante um minuto inteiro,
vinha de ambos nossos peitos.

Com muita dificuldade nos separamos, embora ainda juntos,
ela voltou a sorrir, eu ainda não conseguia falar.
"Vou sempre lembrar de você, nunca me esqueça, tá bem"
O máximo que eu consegui fazer foi

apertá-la de volta junto ao meu corpo.

O "carinha" foi embora,
a "primeira" nos observava com um pingo de inveja.
Eu me demorei mais alguns segundos, sorri para ela,
pisquei algumas vezes,
o que fez a fumaça entrar
nos meus olhos,
e uma lágrima
escorrer.

Desci as escadas, paguei a conta, saí do bar ainda tonto.
Acendi um cigarro.
Meu coração havia voltado ao normal.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Poema ao solitário

Poema ao solitário


O café já não queria descer
não estava quente
ou
frio.
Morno.
Tédio.
Médio.

Fumava os cigarros apenas
pelo vício.
Tinha me esquecido
de apreciá-los.

Com o café.

Tentei o violão
mais não exista melodia capaz de
sair. Ou iludir.
deixei-o de lado. Saí.

Nas ruas as pessoas haviam perdido
a cor, a expressão, a alma.
Crianças brincavam sem diversão,
e sim por obrigação.
Lembrei de quando era melhor
nos tempos mais simples,
em que eu não bebia.

Notei a quantia de inocência que me é roubada
a cada tragada de cigarro.
E também que eu não mais
hesitava
ao
dar
o
primeiro
gole.

Pedi mais dois livros na biblioteca
talvez nem fosse para ler
mas sei que eles
vão me
ajudar. Folheá-los sem escrúpulos.
apenas por prazer.

Entrei em uma lanchonete. Pedi chá.
Acendi meus pensamentos
com a brasa do meu cigarro.
Abri um livro. Não queria ler.
Fui ao balcão.

Olhei para a garçonete. Vida triste.
Paguei a conta.
Voltei.

Nas calçadas as pessoas que passavam por mim
cheiravam bem.
Creio que só eu estava fumando.

A monotonia estava fúnebre
e isto me instigava
a esquecer, E continuar.

Eu nem sei se consigo.

Tinha uma pessoa diferente na rua hoje.
Um tipo estranho. Mal encarado.
Mas ao menos se destacava.

Eu estava á beira da insanidade
quando ouvi o céu
a me confessar.
Que ele é azul a muito tempo
e que por isto
necessita chover. Anoitecer.

Chorei quando cheguei em casa
apenas para passar o tempo.
Lembrava da minha última refeição.
Estava muito boa.
Eu não fazia questão de comer.
Merda. A carteira de cigarros estava para acabar.

No caminho para comprar
os cigarros,
Passei por um bar. Achei que ele nem existia mais.
Ou talvez eu que não existisse.
Entrei.

O dono do bar era o mesmo. Um senhor
cego de um olho, bigodes e mal humor.
Pedi cerveja. Sentei.
Me assustei quando não achei a mesa de sinuca.
Mas fiquei feliz por agora existirem banheiros.

O dia não queria passar.

Comprei cigarros com o mesmo
entusiasmo com
que trabalho.

Queria conversar.
Pensei em ligar para alguém,
mas sabia que estariam ocupados.
Começou a chuviscar. Meu ânimo melhorou.
Estava Frio.
Lembrei do café. Nunca perfeito.

Fiquei ali. Fumando.
Reconsiderando,
Amando
as gotas
que caíam dançando com o vento.
Gelando meu rosto, minhas mãos,
mas aquecendo
minha solidão.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sono tão esperado

Restou-me justamente um pedaço
de alegria. Dentro de minh'alma.

Meus ouvidos sibilavam
ininterruptamente. Ardiam.
Já não mais sentia
aquele perfume.
Corria.
Suplicava obrigações
dispunha perdões.

Sobrava longanimidade por
todo meu corpo.

Não mais me apetecia dormir
mesmo com
estas
olheiras, inseparáveis

de meus olhos.

Escurecia. Não lembrava mais.
Dormia apenas por me deixar
dormir.
Sem descansar
sem sonhar
esqueci até de roncar.

Dormi para não acordar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Continuávamos deitados. Ela sorria e brincava com meus cabelos. Eu ainda ofegava.
"Gosta de poesias." Perguntei. "Nâo conheço muitas", ela respondeu me beijando a face.
"E se eu recitar algum verso para ti?". Ela riu."Ai, como você é lindo!"
Fiquei imaginando se ela usava sarcasmo ou não.

"Quem sabe poderíamos ver as estrelas ali na sacada?". Tentei. "Está frio."
Por algum motivo, eu estava confiante neste dia.
"Imagine nós dois aqui, com o tempo esvaindo-se, devorando-nos um ao outro"
Ela olhou assustada. "Devorando?".
Eu acendia meu segundo cigarro em menos de cinco minutos.
"Que tipo de música você gosta?" Eu importunava. "Na verdade sou eclética"
("Deve ter lido isto em algum lugar, merda.") eu pensava.
Ela me olhou com olhos inocentes por exatos quatro segundos. Apaguei o cigarro. Beijei-a.
Ele virou-se para mim, riu-se, e disse:
"- Você vai queimar no fogo do inferno meu amigo. E acredite, ele existe."
Demorei um minuto ou mais, e então falei calma e intuitivamente.
"- Quanto a me queimar eu acredito, já no fogo...O inferno é gelado meu amigo. Tão gelado, que queima. Frio. Assim como o teu coração, que aliás é mais quente que muitos outros."
Ele ficou meio assustado com a resposta, acho que ofendido.
"- Frio é? por que achas isto? e o Demônio, usa jaquetões?"
Sorrimos por momentos.
"- Mais ou menos isto. Não podia ser quente, me disseram que o amor é algo quente, o fogo da paixão e tudo mais, não combina."
Ele retrucou.
"- Por outro lado poderia ser uma junção Frio. Calor. Afogando-nos em choques térmicos."
Gargalhei.
"- Sendo assim, penso em reconsiderar esta de ainda ir pro inferno, e prestar atenção ao nosso redor, não acha não?"
Olhou-me. Procurava algum argumento. Achou.
"- Ah. E quanto ao Lúcif... "- tossiu a fumaça do cigarro, pigarreou. Cuspiu. Prosseguiu
"- E quanto ao Diabo, se o inferno é aqui, onde está ele? Quero vê-lo!"
Desta vez ele não teria o que responder.
"- Simples, podes encontra-lo a qualquer dia, momento. Assim como eu."
"- Como?"
"- Encares um espelho."

sexta-feira, 30 de julho de 2010

o vazio é puro, demorado, macio.
a sensação de solidão atrai,
apenas os loucos,
pois esta sabe,
somos,
a base
do nada.
the spring is coming and you want be mine
i wait you in winter with a bottle of wine.

*perdoem a primeira idiotice em "outra língua" a brotar na minha cabeça.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fora a única luz que tinhamos, tremeluzia. Reacendia.
Ontem, eu cedia meu corpo que imitava o avermelhado. Amarelado.
Gentis labaredas lambiam meu frio em sincronia. Aquecia.
Obcecado com o fogo eu estive, enquanto o tempo dormia deslumbrado. Exasperado.


*dedicado a um ou dois amigos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Me deixo.
Saio de perto.
Incerto.

Vejo, passo,
crio.
Frio.

Me deixo.
Inovo, mudo,
tento.
Lento,
lamento.

Volto. Fico.
Paraliso, não vivo.
Envelheço. Obedeço.
não creio,
nem desenvolvo.
Me deixo.
Sobejo, privo,
minto,
falho, iludo.

Acordo, durmo
trabalho, ralho.
Sinto,
choro,
aperto, sumo.
Sonho.
Me deixo,

morrer.

Santos Existem?

Terça feira, por motivos extremamente banais eu me dirigia ao bar. Voltava do trabalho. Estava cansado e tinha de tomar algumas para relaxar. Encontrei mais um perdido, e juntos tomamos umas três garrafas. Então o dono do bar gritou ''telefone pra vocês"(que merda! me ligam até no bar). Tinhamos de ir ao ensaio da banda de uns caras(desculpa pra beber), andamos como loucos, fizemos o percurso na metade do tempo que deveria ser feito. Ofegante. Transpirante. Chegamos e descobrimos que tudo havia sido cancelado. Fiquei puto. Voltamos ao bar, e fizemos o percurso no dobro do tempo em que deveria ser feito. Sentamos. Relaxamos. Mais algumas garrafas, risadas. Algumas meninas se engraçaram, até sentaram-se conosco por meia hora ou mais. Olhei as horas, me despedi.
Voltava, perâmbulando feito um louco solitário, passando pela praça Militar Rio Branco, ouvi alguns latidos, dei meia volta e me deparei com 3 cães, latiam enfurecidos, continuei andando de costas. Coração disparado. Eu queria olhar nos olhos dos desgraçados. Mais latidos, juntaram-se aos perturbadores mais dois. Eram cinco cachorros ensandecidos. Eu achei uma pedra. Devia ter quase um quilo, juntei-a. Ergui acima da cabeça, bati firme com o pé direito no chão e gritei "SAI, SAI, PORRA." Eles recuaram um ou dois metros mais iam voltar, um deles disparou contra mim, por aquele pouco desviei. Ia ter de acerta-los. Eu tinha o maior(na minha opinião o líder) na mira, ia atingi-lo, me preparei, fui jogar a pedra. - Os latidos pararam, a pequena matilha ficou em formação. - "Ei, você" eu ouvi isto vindo de um canto da praça, procurei por uns dois minutos até ter certeza de onde vinha a voz. Um homem, creio eu com 1,90 de altura, com óculos redondos, rosto gordo, não pude ver seu cabelo, pois estava coberto por uma touca. "O maluco vai me ajudar" pensei. Aliviei. Ele venho até a minha frente. Talvez tivesse 2 metros de altura. Devia ter uns 30 anos. Voltou-se para os cachorros, eles pulavam, brincavam, dançavam ao redor dele. "Não bebi tantas garrafas assim" pensei eu quando outros 4 cachorros apareceram do meio da praça.
Eu ainda segurava a pedra comigo, este cara olhou para mim, pestanejou, gritou "VAI TER DE ACERTAR A MIM PRIMEIRO", uma voz rouca e chata. Quase gargalhei, agora era eu e minha pedra contra nove cachorros e um maluco que pensa ser o druida das cidades. Cogitei a hipótese de ser um lobisomem, iria ser engraçado. O cara andava em minha direção, os nove todos no seu encalço. Agora eu não achava mais engraçado. "Era apenas defesa meu, porra pensei que iam me morder"eu disse, enquanto ele repetia, "Vai ter que me acertar primeiro!". "Desculpa cara, porra, achei que iam me morder" eu disse enrolando a língua, afinal eu até tinha tomado algumas garrafas a mais. Ele passou por mim, como se perseguisse alguém, os nove cachorros o seguindo, enquanto passava virou o rosto e repetiu mais uma vez "Vai ter de me acertar primeiro!".
Acelerei o passo e peguei o rumo pra casa. Quando virei pra quadra da minha casa, ouvi alguns latidos. Meu corpo trabalhava rápido. Três cães latiam pra mim na frente da minha casa. "Vai se fuder, que merda que tá rolando" - exclamei. Fui chegando perto, mais fui com calma, pensando em acaricia-los. O menor deles(Era feio, creio que tinha sarna) deixou, passei a mão na sua cabeça, calaram-se. Abri o portão de casa, ouvi um berro, olhei pra esquina, um homem, devia ter quase dois metros de altura, apenas conseguia enxergar o seu gordo rosto e as lentes de seus óculos redondos. Fiquei ali parado observando aquele ser por alguns segundos, então os cães da frente da minha casa partiram na direção do santo dos cachorros. Acho que passei no teste. Pensava eu enquanto achava tudo engraçado mais uma vez.



*isto realmente aconteceu, quase sem exagero.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Quando sinto o gosto das tuas lágrimas.
Lembro do quão horrível é o gosto da água do mar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu gostaria de não lembrar teu nome.

Uma noite,
algumas cervejas.
Ela dançando,
se embebedando.
Eu sonhava,
lhe admirava.

E foi apenas a segunda vez a vi.

Uma manhã,
acordando ainda bebado,
arrependido.
Com teu corpo, liso,
quente, encostado

ao meu.

domingo, 18 de julho de 2010

Um fim, um meio, um início.

Posso sentir tudo isso a minha volta
Não vês?
É tão lindo
Púrpura, branco, brando verde
Campos verdes

Sinto teu beijo ainda molhado
Matando minha sede
Na tua,
Saliva
Eu queria mais uma vez
Tu vens?

Perdido, não obstante
Um instante
Foi decisivo
Lascivo
Mas acabou?

Posso pressentir tudo isso fazendo a volta
Não crês?
É tão triste
Escuro, cinza, ranzinza, nada
Vales de nada

Sinto teus lábios despedaçados indo
Deixando os meus
Salgados,
Saudades.
Talvez nunca mais o tenha
Tu tens?

Endoidecido, sempre confiante,
Tirei da estante
Um retrato
Um relato
Mas começou?



*Lábios despedaçados e salgados: tava curtindo o som de um cara de baixa estatura, estranhos cabelos, e uma pinta na cara.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Compadre alcool

Sempre adorei encher a cara por qualquer motivo,
fiquei preocupado,
quando não ter motivo,
virou motivo para encher a cara.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Nunca vi mais eloquente
O dom, sua discrepância
O bom, Sua ganância
Nesta, Mayke pra presidente.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Flores Raras.

Quando você se depara com tudo, e tem vontade de gritar, saber que tudo está errado, que o mundo virou tédio.
Vê-se perdido em ilusões sem ter o poder de concretiza-las, se perde em um mundo negro, escuro, onde as pessoas vem e vão, trabalho, estudo, compromissos, deveres, monotonia, e o amor? os meus saraus?

nada.

e de repente, mas não mais do que de repente, um ponto branco na escuridão aparece, uma fagulha de luz, e quando a fagulha aumenta percebe-se que era uma flor.
Não, não qualquer flor, embora uma vida inteira de flores, esta era flor diferente,
não que fosse mais bonita ou colorida ou seu odor mais agradável, mais era especial, era uma Flor Rara.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

qualquer soneto sem graça.

Eu quero subir sem medo,
eu quero me casar com uma estrela,
eu quero esquecer o teu segredo,
eu quero somente tê-la.

Eu vou escalar teu penhasco,
eu vou jurar meu perjúrio,
eu vou ser teu único carrasco,
eu vou te amar em mercúrio.

Você atrás da minha incerteza,
me conduzindo ao execrável,
não mereces tamanha beleza.

Você e seus lábios carmesim,
você e teus sílios de festim,
suspiro ao ouvir teu amargo si...

Fenômeno Existencialista.

Me crio nas nuvens,
sonhos, por vezes nem chego a tocar o chão, e nem é dificil.(basta querer)
Sou um encontro dos dedos frios com as mãos quentes,
calor e frio, úmido e seco,
as mãos quentes sobem, os dedos frios descem.
Úmido e seco.
As mãos atingem o nível dos meus olhos,
enquanto estranhamente abaixo, os dedos na boca.(serão meus, seus,dedos,mãos,bocas?)
Mão, Quente, Úmida.
Dedos, Frios, Secos.
A pressão é demais, vou sucumbir,
me precipito,
e chovo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

"os gênios dormem 4 horas, os esforçados dormem 6 e os estúpidos dormem 8 horas"

obs: acordei cedo com essa frase na cabeça.
?
Imagine se todo olhar fosse contundente como o seu,
ou se todo o olhar fosse estarrecido como o meu, no seu.


terça-feira, 6 de julho de 2010

rima, rimante, vazio dentro de um errante.

Quanta alegria não?
na verdade eu gostaria de estar sentado com um grupo
de vagabundos,
um violão,
um vinho,
um abrigo,
um perigo.
Mas perturbadoramente cá estou eu,
sentado, parado, cansado
e mesmo assim extasiado.

Queria sentir uma certa garota uma outra vez

Sou triste, desejo um amor, mais não me deixo apaixonar,
decerto isso é devido a essa merda que é a vida social hoje em dia
mas já foi pior, minha pena hoje é dos outros não minha.

Quanta tristeza não?
Eu minto, minhas verdades toda tarde entediante
eu relutante,
eu estudante,
eu redundante,
esta embriagante
matinê, sem você..
enquanto eu estranha e conturbadamente me encontro aqui
já não mais parado, mais sempre cansado
nem enxergo mais meus punhos
eles lembram tudo, pois suas mãos sempre eram proximas a eles
não aguento mais.

vou trabalhar.

não, não agora
não.
sei o que acontece, me perco comigo mesmo
quando encontro muitas palavras e pouco tempo
isto eu queria, tempo
tempo, tempo.
tendo eu todo o tempo, tudo teria tato, tambem eu traria todo transito de ternuras e tragos, tradicionais tragos, tempo.

somebody to love.

e isso que o mundo necessita,
é justo o que não facilita.

hei, venha cá, acorde e dê para mim um lindo sorriso.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sentado sozinho, nos fundos de casa e de madrugada.

Minha cabeça estava rodando, sentia dor no peito
não tenho a certeza do por que,
mais o céu estava lindo naquela noite.
Como de costume, pensava eu sobre meus últimos dias
e minhas atitudes
como de costume, tudo estava errado,
eu não consegui mudar.

Ou talvez tenha mudado demais.

O céu absurdamente negro,
com poucas estrelas e um luar tímido
acalentaram minha "dor".

A noite me contou que o mundo é tão errado e estúpido
quanto eu..
E por isso era para mim parar de lamentar.
A noite me contou que não interessa o quanto eu continuar
não haverá nada se por acaso eu apenas
continuar,mas sem acreditar naquilo que mais é necessário..
A noite me me contou que eu sou apenas um rapaz e que
não vou ser um homem, se não entender, e aceitar o que vier.

Agora todas as noites que estou sozinho tenho conversas e desabafos com a noite
e o pior, descobri que ela é mais errada e estúpida que eu..

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mais uma vez

Seus olhos deram-se com os meus
Eles combinam
Seu interior revoltou o meu
Eles não combinam

Diz que não sabe dançar
mais sei que as noites claras
voa até o mais alto luar
mais sei que as noite não estão tão claras

Afirmo que quero te cortejar

Problema é que por saber sempre o que dizer
me deixou mais interassado na brincadeira
acabo de ler palavras dela por puro prazer
um bebe chorão pedindo mamadeira

Seus olhos mexem comigo de maneira absurda

Me trata muitas vezes com repúdio,
em seguida me chama com doce encanto de menina

Não, dessa vez não vai ser tão fácil...

Desejo apenas o que vejo.

Todos os presentes, vim trazer para aqueles que estão perto de mim
é eu sei que eles nem dão a importância merecida, mas foda-se.

Tenho o desejo de estar perto de alguns, mas só esses. Chega de novas amizades por enquanto.

Conheci uma garota, bom tenho prometido a minha alma que eu deixaria de ser estúpido.
Hoje fraquejei. Hoje foi a segunda-feira mais chuvosa que já vi, na verdade não tenho certeza se o gosto salgado que senti era realmente as gotas d'água da chuva.

Podiam ter me contado sobre o quão envolvente era essa garota, eu não acreditaria sem ver.
Sim beleza é essencial.(aprendi isto com um cara de bigodes, que todo brindar de cerveja dizia "um brinde a minha beleza").

Tem um cara que é incrivel, o cara que mais me pagou bebidas até hoje
e sabe o pior, se eu tento pensar em pagar por me sentir mal ele quase me mete um soco.
é o maior que conheço.

Fico cada vez mais puto, tento simplesmente esquecer das coisas um mísero instante,
e isso me causa mais dor que prefiro não esquecer nada.
As pessoas começam a se afastar, verdadeiros amigos perdendo a intimidade,
e ficando até nervosos, e nem se tocam que não lembram o motivo da idiotice.
Mas quando existe um laço, ele não se rompe, fica machucado, mas sempre guarda esperança.

Minha intenção era ter escrito uma poesia para uma menina.
Vou tomar café.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Céu nublado.

Sim o céu está nublado, mas se prestar atenção
não é tão ruim quanto parece
Sim, cada vez o céu está mais escuro
mas se acalme, e sinta o vento com cheiro da poeira subindo
Sim eu sei, começou a chover, não uma garoa
por isso apenas pare e começe a agradecer cada gota que molha teu rosto
Não as gotas não estão agradando, estão simplesmente encharcando
sim é assim, se fechar os olhos poderá ver o que deseja
Não cada vez mais a chuva acaba com meus sentidos e apenas me deixa molhado
e o poder que sinto é o de gritar tanto que até o último canto do planeta escutaria
Não, não sei mais o gosto disto, apenas quero que acabe para poder seguir
e é assim quando choro, sempre acho ser a chuva, devido a isso hoje sigo com o mais seco rosto.