segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Apetite

Dia 13 de outubro, era uma segunda feira,
mas por mim podia ser sexta.
Minha libertação começaria as 6 da tarde
num refeitorio cheio
de crianças.
As crianças iriam devorar,
e algumas delas eram realmente famintas
tudo que fosse posto nas mesas
eu iria apenas assistir, e tentar não
chorar.
Começaram com tratamento forte
Exatas atrás de exatas, Futuro perdido em mais futuro
Os pobres engoliam tudo sem nem saber o que
realmente era, se era necessário ou
para que servia. Mandavam, eles obedeciam.
Um deles começou a se rebelar. Disse
que queria ganhar alguma coisa com aquilo,
e na verdade ele apenas perdeu seus 20 minutos
diários ao sol.
Desgraçados de todos os jeitos os fedelhos
perderam a arte da regorgitação,
na verdade nunca a tiveram.
E eu ali, vendo, assistindo a tudo,
sem pestanejar, nem vacilar,
não quis perder uma cena,
embora cada "garfada" que davam
fosse como uma lâmina fina e afiada
mutilando aos
poucos meu cansado corpo.
Além do mais eu nada
podia fazer contra toda aquela força
aqueles ensinamentos,
que vinham com tudo a muito tempo
ensinamento que está sendo
pensada agora graças ao mal do século XXI
A doença do espírito. Pois bem, aquelas
crianças não podiam pensar,
não iriam ser apresentadas a este dom
teriam de procura-lo
e é provável que não a encontrem,
a maioria deles será FELIZ sem saber de
bosta nenhuma
A vida naquele 13 de outubro
mudava para aqueles pequenos
e para mim também,
pois eles não podiam enxergar
onde eu estava,
já eu,
jamais esquecerei seus
olhos procurando vida
e seus espíritos apagados
flutuando acima das mesas
perdidas, sem medo ou dor,
apenas devorando com apetite anoréxico
seguindo o caminho em linha reta
que eu não consegui chegar ao fim.

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