domingo, 23 de dezembro de 2012

arrogância

Perturbado com a noite
sigo
procuro existência
onde só há vazio

corro
sem me mexer

assisto
sem ver

perdido naquela esquina
só via
o que não era pra ser
visto
nada sabia
queria

é quando não mais se sabe
se será ou não
como o

planejado
ordenado

mas então segue
e vai
que vai dar certo
deixe
deixe
de lado
e vai ser

ainda em uma incógnita
do real misticismo
da vida

procura-se origem pra tudo
não vê
crê
na estrelas
entende-las
descreve-las?

veja a vida como um
submarino
emergindo
e submergindo
mas ache o prumo
ou de nada adiantará

e ainda aquele batuque
na cabeça
sem parar

"dessa vez não,
dessa vez não"

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

sem nome

Na inocência consciente,
parei o que fazia essa manhã.

Me perguntei
se ela
estaria fazendo

o mesmo.

Peguei um caderno
uma caneta bic velha
deixei o moderno

de lado,

e
escrevi uma carta.

Nela eu disse
o que não tive coragem

Tête-à-tête

verdades
realidades
dores
medos
e uma
uma mentirinha.

Termino.

Mergulho nas lembranças
pesadas
pesadas
pausadas.

Dois corpos ao sofá
deixando esfriar o chá
sem ter de mostrar o quê são
apenas sendo a parte
que ninguém vê
partilhando o
cheiro cinza
da Tv.

Volto,
subo as escadas
tomo um banho
escolho uma camisa
espalho aquele perfume

pra ir até os correios.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

chegando.

Preciso me mandar
pela primeira vez eu sinto
preciso seguir
está próximo a um instinto
é melhor eu ir
pra algum novo lugar.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O dia.

Na véspera daquele dia
tudo corria muito bem, obrigado.

No intuito de não fazer
dar errado

chorei muito
ainda pela manhã
com o café esfriando
e o cigarro queimando

dia corriqueiro
normal

o pedido era a noite
parecia que alguma coisa
saltaria da minha boca

na véspera daquele dia
eu estava confiante, certo.

Mas na hora
passa-se um filme

será que era hora?
essa agora?

Perde-se a noção
fique sem ação
e foi.

Na véspera daquele dia
eu sabia, eu o fiz.

Marlboro


Decorou a cara
corou o couro

que demora
vira homem
encara a vida

(cantam em coro)
"que o valor
do namoro
sem o choro
é tipo do ouro"

vai


E ali no canto,

a vejo
deitada

repousando
amada

beleza maior
por mim velada

sua face
cansada

sem deixar a
risada

mesmo sendo
levada

daqui, sem pranto.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

E naquela bela tarde
 O azul do céu
   Tornou-se o dos teus olhos

E na sabedoria do pastor
         vivia um menino
Que não era chamado Jesus

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

desde o início
choveu toda minha dor
e foi por isso.

..

Se não foi
o é
ou se é
ou não se sabe

ou talvez nem seja

domingo, 9 de setembro de 2012

.

Não sei dizer o que faço aqui.
Merda.
Nada mais parece bom
perdeu a essência
a surpresa
tudo é igual
anti
natural.

Acorda depois das onze e meia
e pergunta-se "o que fiz de errado?"
Nada.
Tudo.
E nada agrada
e tudo enjoa.

Tem algo de muito errado com o Mundo.
Sim.
E imagino que nossas escolhas
não podem mudar isso.
Não é justa
é apenas a vida.
Nascer
Crescer
Morrer.

Cada vez mais parece que tem algo de errado
e a verdade esquiva-se da realidade
e as mentiras nos agradam

e como agradam.

Não sei dizer o que faço aqui
mas apoio
qualquer decisão
tomada sem pensar
pois o ato
de pensar
demais
me
matou.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dor

Quinze pras seis, ela deve estar chegando. Eu tinha acabado de fazer a barba, cabelos penteados, a roupa bem passada. Ajeitei os enfeites da sala da maneira que ela gosta, Porque diabos haviam mudado de lugar? Fui até a cozinha, ótimo a água está fervendo, imagine se eu deixo a água esfriar? Ajeitei a mesa, a xícara do café, duas colheres, uma faca com serra, uma sem, um copo d'água. Fui até a sala sentei-me no sofá e olhei ao relógio. Seis Horas e cinco minutos, a qualquer momento a porta abre, e ela entra sorrindo, me contando uma novidade.
A porta abre, e ele entra, aquele rapaz... eu o conheço, quem é aquele rapaz?
Minha cabeça doí, fico tonto, o que ele está fazendo aqui. Pai. Escuto alguém chamando. Respiro. Ela não vai chegar, ela não está mais aqui. Dor. Agora eu me lembro, este rapaz, o sorriso da mãe. Meu filho, porque ela nos deixou? Ando pela sala desarrumando tudo, nada, nenhum enfeite do jeito que ela deixava, e  rezo, para que, quem sabe amanhã eu me lembre porque eles vão ter mudado.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

juventude que não acredita

- "Talvez em outro tempo a gente dê certo."
Nunca esquecerei
de ter ouvido esta frase
há doze anos atrás
e depois chorar na espera do dentista
e contar a ele tudo que aconteceu

fazem dois dias que não a vejo
devem fazer uns quatro anos que ela não me vê
hoje ela é casada
e eu divorciado
sem dinheiro
seco
ela me olhava nos olhos
eu nunca tive essa coragem
de olhar para o espelho
depois fui apenas um rejeitado
do mundo
nem lembro mais o gosto da boca dela
muito menos o perfume
ou o shampoo que ela usava
e dormia com o cabelo meio molhado
saía cedo para o trabalho
e eu ficava com o travesseiro
mais delicioso, cheiroso, perfeito.
e não tem o que me faça sentir
ou deixar de sentir
que fui eu quem não lutou
que não amadureceu
que não quis
que pensou que mais tarde daria certo.

mas é que quando eu disse,
eu tinha tanta certeza...

domingo, 15 de julho de 2012

meus braços

além de tudo
havia um eu

perdido de tudo
e todos


nada queria
nada apetecia

momentos em vão
momentos de um são

mande todos embora

fique contigo
e eu prometo


ninguém lhe fará mal
e eu estarei
para vê-la
com os braços estendidos para mim
para esquecer
para as estrelas


para saber que não os quer por perto
para mantê-los por perto..

contigo

tão linda
perfeita
o tempo apenas

cumpria seu papel

eu nada tinha com isto

mas acabei me juntando
a perfeição
do teu cabelo
dos teus olhos
da tua boca
do teu corpo
de ti

quis beija-la
e não pude

falta de coragem?

falta de mim



em ti

falta de um cigarro
ela nunca facilita
apenas te joga na parede
a vida.
nada eu tinha com isto
até estar de cara contigo

duas frases
fariam a alegria
de um pobre bêbado
diga sim

não ouvi


o gemido no escuro
dizia
agora não

foi Deus que não quis?


ou eu não tive a verdade suficiente?


nada saberei
só sigo
acredito

nos teus  cabelos
teus olhos
tuas mãos
teu vestido
tua vida


em mim.

merda

a verdade só é dita algumas vezes
o mundo gira
a vida é maldita

assim como a morte

chore

isso te fará forte
acredite

a merda sempre virá
nunca nada será como imagina
nada é nada
a merda é merda
tudo é bosta

a verdade só é dita
em algumas merdas de ocasiões.

de

mais um dia
menos tarde

mais tristeza
um amigo se perdeu
dois ou três eu nem sei

a vida passa e você nem vê

é foda

quanto mais tempo
menos maturidade
choro.

a verdade nunca é dita cara-a-cara
é sempre invejada

o tempo nunca passa
a vida sempre termina

quando deve.

o pensamento apenas
voa
transmite
a confusão
de ser


o ser.

Apenas

bebendo algo de cor estranha
eu penso nela
vejo o que passou
lembro e um grande amigo
e ele não está, e nem quer estar aqui
penso no tempo que passou
desde que cansamos de discutir
o rosto dela nunca saiu da minha cabeça
mas o do meu irmão e foi

choro sempre que me olho no espelho
evito
sinto o perfume mais lindo
e sei que ele não pode ser meu
ele pertence a perfeição
e eu só tenho
a imaginação
nada de verdades
nada de mentiras
apenas fatos
apenas

medos

quinta-feira, 28 de junho de 2012

é

Os perigos desse mundo são tantos, que eu prefiro viver em outro.

EM CONSTRUÇÃO

- Talvez, mas eu nem devia estar aqui...
- Ah, nem vem, agora você vai lá !


A verdade sobre cada um, é revelada apenas na solidão. Em casa sozinho posso encontrar-me na totalidade, e eu gosto disso. Uma coisa difícil de segurar é a vida, essa puta escorre pelos dedos, e a gente nem vê passar. Conhecer uma pessoa por exemplo, é algo que acrescenta muita coisa a sua vida, manter as mesmas pessoas em volta, é bom, mas é mesmice, conheça algumas de vez em quando, e tomem no cu por conta delas também.

Entrei no bar, passei reto pelo dono, para este não me cobrar, fui até os fundos, onde ficam os fumantes, vi uns rostos conhecidos e por ali fiquei. Terceiro copo de cerveja, segunda história contada, quarto cigarro aceso, vi que ela entrava no bar. Um amigo contava alguma coisa sobre uma fazenda e eu mantinha meu rosto virado meio para ele, olhos meio para ela e então ouvi.
- O meu, acorda !
- Diga.
- Só de olho nas meninas que entraram é?
- Tem que dar uma conferida né..
- Ehh, mas deixa eu termina... Cinquenta caras no churrasco, e banda cover AC/DC, muit...
Não ouvia mais o que ele falava, mais fingi bem atenção, na minha cabeça só aquele rosto, aqueles olhos que pareciam ser os castanhos-mel mais lindos já feitos, o cabelo volumoso, meio cacheado, bem treinado para se movimentar maliciosamente contra os homens, Quem era ela? Enchi o copo, puxei um cigarro, mais que merda. Ela sentou na área coberta, não fuma. Ela e mais três amigas, droga. O bar não parava de encher, mais algum tempo e risadas com uns caras ali fora, ela não usava aliança, ótimo.
- Mas imagine que já não ia tá no bar !
Olhei pra trás e vi um grupo de amigos vindo, a noite vai ser boa, pareciam estar animados.
- Caralho, resolveram aparecer é?
- Pra cuidar caso você beba muito.
- Eu beber muito?

Puxamos uma mesa, sentamos. Bar. Olhei em volta, a sensação de estar rodeado de cerveja e amigos num bar, sem motivo, apenas por estar ali é maravilhosa. Conversas, cervejas, e ela não saía da minha cabeça, qual era o nome dela? Um conhecido passou pela mesas delas e fez um gesto de comprimento. Será que a conhece? Acendo mais um cigarro, penso, chamo ele.
- O, Felipe, chega aí...
- Chore.
- Conhece as garotas daquela mesa?
- Conheço.
- Sabe me dizer quem é aquela ali? A de vestido amarelo, cabelo ondulado?
- Cara, sei, é a.. Espera, é amiga da Manu, esqueci o nome agora. Gata né?
- Porra, ela é linda, vou falar com ela.
- Velho, parece que ela terminou com um carinha faz pouco tempo, nem sei se ela tá afim de algo..
- Sério, que merda, é a terceira vez que tô pra falar com ela.
Acendi outro cigarro, um gole de cerveja.
Observei o local, um pessoal aqui, outro ali, um bar animado, eu frequentei muito os bares tristes, mas é bom dar uma mudada por uns tempos, me encostei na parede, um pouco longe da mesa, e percebi que ela vinha pra área dos fumantes. Chegou, parou, me encarou, veio.
- Oi, tem um cigarro por favor?
O batom vermelho dela dançava, me chamava.
- Oi prazer, eu tenho um cigarro sim, e a propósito, me chamo Marcos. Você é?
- Desculpe, Luciana prazer, é que eu não fumo há dias, e bateu aquela vontade sabe?
- Tá aqui.
Puxei um cigarro e o isqueiro junto. Luciana. Acendi o Cigarro para ela, ela sorriu.
- Aceita?
E estendi a garrafa de cerveja.
- Por favor.
Enchi o copo de cerveja dela e o meu.
- Eu conheço você?
- Provavelmente dos bares.
- Então temos algo em comum.
- Imaginei.
- Além de curtir Los Hermanos...
- Como você sabe? Amo o som deles.
- Adivinhei, acho que eu sabia.
- Minha amiga tá sozinha vou lá tudo bem?
- Traz ela pra cá, e sentamos todos nessa mesa.
- Certeza?
- To te esperando
- Tá.
Ela foi, Linda, voltou, A voz dela em minha cabeça ainda, olhei para o Felipe, ele fez um sinal de positivo. Vinha a Luciana e duas amigas, sentaram-se.

Dor, no meu caminho apareceu
andei pelos piores lugares
desci onde ninguém desceu
vi os mais dos mais vulgares

Joguei quem eu fui ao vento
cheguei bem perto do inferno
deixei minha alma ao relento
e morri no começo do inverno

A vida leva me ao céu
só pra me jogar ao chão

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A desistência - em duas mãos

Cantam galos,
cantam pasmos,
cantam todos demasiados.


Nada, talvez tudo.
Seja como for,
deluzes ou transparecendo,
seremos deixados
todos para nós mesmos.


Partidos, de olhos fechados
olhando em mim,
em ti.


Olhando.


Era aquela vez
era tua vez
talvez a minha


Era turbulencia
era violencia
maldita,
ilusão
perdida no momento da dor
que senti a sua ilusão


cantam passáros
canta água
não canta a vida.


Lembro de quando
nasci
era ou
você?


Cansados, todos estávamos,
entregues,
ou eu em você.


Tão,
era demais para meu vázio,
transgressionismo,
paisagismo,
palavras


tudo de mais
só para ti.


Pairava,
doía,
dançava véu de calor e frio de uma só pessoa
a fumaça de um ou dois
a dor de três ou mais
cada tempo,
cada espaço
tem seu turno
apenas o cansaço prevalecia
as olheiras amantes dos meu olhos
xingavam hipnósis de lapsos mentais
nasci?
distorci?
creiamos que vivi
sem nada
sem sentir
mas estava lá
pra um ou dois


eu estive lá

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Trechos

Tirando fotos, de blusa azul, os cabelos voando, enquanto eu só podia passar por ela, da primeira vez que a vi. Como eu podia saber?  Seria fácil saber das coisas, eu pensava, aí em um momento de embriaguez um amigo disse:
- Você tá fudido cara, te revelei isso. Você é acima da média, sim, você vai viver sabendo disso e isso vai te fuder !
Fica cada vez mais difícil conviver combatendo teu eu, ainda mais quando este se acha tão inteligente quanto você. Chuva. Lembro de ter entrado naquela festa tranquilo, só encher a cara com boa cerveja, mas acabei a encontrando, de bermuda e camisa jeans, estilo alternativa, mas ainda era ela. Quem era ela? Eu sempre esqueço feições com a maior facilidade, porquê não me esqueci desta? Passei o olhar pelas pessoas a frente do palco e parei nela. Linda. "Não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer[...]" ela cantava junto ao músico, e eu reconheci que era Los Hermanos. Bermuda jeans, Camisa social e bolsa escura, estilo retrô, e dançando graciosamente. Parei ao lado de uma amiga, vamos chamá-la de Júlia e perguntei.
- Ei, Ju me diz uma coisa.
- Já te disse, não !
- Espera, escuta.
- Tá fala..
- Tá vendo aquele menina ali?
- Qual?
- A de cabelo meio cacheado..
- A alternativa?
- A que se destaca, do lado daquela de blusa verde.
- Sei, sei, que que tem?
- Então, eu que te pergunto, o que que ela tem?
A Júlia olhou para ela por uns dois instantes, e me olhou rindo:
- Cara ela tem tudo !
- Sério? Porra, to olhando pra ela a algum tempo procurando o que me chamou a atenção nela, e não sei, não consigo encontrar, que que você acha Ju?
- Meu, olha pra ela, ela chama a atenção, e não algo nela.
- Merda.
- Merda nada, vai lá conversar com ela.
- Vou fazer isso, Valeu Júlia, sabe que eu adoro você não é?
- Eu sei, vai lá.
Puxei um cigarro, acendi, e virei o resto da Vodka. Tragada. Olhei bem para ela, estaria sorrindo pra mim? Vi que tinha alguém falando algo no ouvido dela. Me atrasei.
Não parou de chover um minuto sequer. Foi quanto eu desviei o olhar do chão aos céus e suspirei.
- Obrigado.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Amor

Pra nunca esquecer tua voz,
o perfume do teu shampoo
quando jogava
os cabelos,
a unha do dedo anelar
sempre faltando esmalte
sua perfeita bunda rebolando entre a camisola
enquanto você levantava da cama
pra acender um cigarro
e o esquecer aceso.

Pra poder ter sempre
uma recordação
mandei-te embora
e hoje
vivo
a merda.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

É triste estar certo, é triste estar errado. Por muito tempo o que me assolou foi a tristeza, a depressão de corpo e alma. Hoje, olho em volta, vejo um perturbado na frente de um computador, com um maço de cigarros pela metade e o café já frio. Olho pro espelho e sei o que passou e algumas vezes o que virá. O que já veio foi a raiva.
Nada de Raiva triste, a depressão acaba aqui, o mal do século XXI o meu pau, chupe, filha da puta, o que sobra é raiva, nada de continuar na apatia do mundo, pessoas estão na inércia de tudo, nada muda, nem uma ideia que seja, então vão pra puta que o pariu, e usem a porra da cabeça. Sejam putos mesmo, e gargalhem, riam, a raiva é extremamente engraçada se souber tê-la do teu lado, Deus talvez não o ajude em algumas horas, a raiva possivelmente, sim.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Trechos


- Ah tá, belezinha você !
Me dizia ela assim que percebeu que eu peguei um cigarro dela, sorrindo, sem nenhuma dúvida. Já fazia meia hora que o amigo dela havia ido embora, e nós continuamos nossa bebedeira. Paguei mais três cervejas.
- Agora você vai ter que beber comigo.
- Eu bebo.
- Quantos cigarros ainda temos?
- Alguns.
Enchi meu copo, olhei em volta, o bar ainda estava bem cheio pro horário, mais havia mais mesas livres que quando cheguei. Mudamos para uma mesa coberta, mais aí já sentamos um mais perto do outro. Lembro que pouco antes disso ela reclamou de algo em seu cabelo enquanto eu passei meus dedos sobre ele dizendo o quão bonito ele era. Enchi o copo dela, senti as pernas dela nas minhas :
- Tá frio - Me disse inocente.
Peguei o maço de cigarros em cima da mesa.
- Eu preciso fumar.
- Não.
- Mas eu preciso, é inevitável, tô bebendo, tenho que fumar.
- Temos poucos cigarros, essa e mais duas cervejas, temos que aguentar !
- Eu não consigo.
- Dá um jeito, vira a cerveja, ocupa a boca, pensa em algo !
- Só consigo pensar em um jeito de ocupar minha boca.
- Qual?
- Você sabe.
Ela sorriu, culpada. Sem perceber, nesse momento sentávamos quase que lado a lado. Beijamo-nos.
- Que fique bem claro, não é um elogio.. É que.. barba..
- Como é?
- É barba, tava com saudades de beijar alguém que deixa a barba por fazer.. Tá, que acha de fumarmos um cigarro, tipo, um pra nós dois?
- Agora que tava ficando bom.
Beijei-a de novo, um beijo demorado, afastei o cabelo dela, e beijei-lhe o rosto, a testa, o rosto, o nariz, a boca. A boca.
- Legal isso em você, não é um elogio !
- O quê?
- Isso de tipo, a gente não ter nada um com o outro, e ainda sim, você me dá beijinhos, como casalzinho.
- E não é um elogio?
Acendemos um cigarro, um para os dois, fumamos, conversamos, mais uma cerveja.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

trechos


Parei na frente do bareco, me encostei a um poste e olhei para dentro, lá estava ela, Linda, de vestido preto e meia calça, os cabelos presos numa espécie de coque. Acendi um cigarro e esperei, uma hora esta ia me ver. Um tipo alternativinho do lado dela, falando merda provavelmente, não me preocupei, mas não gostei. Ela virou o rosto e nossos olhares bateram.
- Eiii - e veio correndo pra cima de mim, jogando os braços envolta do meu pescoço, e beijando-me.
- Eu sabia que você ia vir ! - Sorriu, e eu retribuí,
-Você está Linda moça, mas me diga quem e aquele rapaz? - E apontei para o alternativo dentro do bar me encarando.
- Meu amigo.. Eii, só amigo, ele bem que tenta, mas eu não quero nada com ele.
- Quer que eu vá falar com ele?
- Não precisa ! Vem vamos entrar !
Me puxou pelos braços, mas não me mexi, olhei para dentro do bar, encarei o sujeito e ergui as sobrancelhas em forma de comprimento. O cara riu nervoso, acenou e virou de costas. Realmente não tenho com o que me preocupar.
- Tenho um Lugar pra ir.
- Ahhh, você prometeu !
- Eu sei.
-Mas voc.. - Beijei-a.
Quando nossos lábios deixaram de dançar ela tinha os olhos lacrimejantes, observei-os por instantes, até quis ficar, mas não dava pra mim. Puxei um cigarro.
- Tem um pessoal de fora aí na cidade, faz tempo que não bebo com estes caras, caso contrário eu ficava você sabe.
- Eu sei, mas não vá ficar muito bêbado
- Eu não faço isso.
- Prometa !
- Eu prometo.
Virei e segui até outro bar, pensando na próxima desculpa que eu iria arranjar.

domingo, 6 de maio de 2012


Dessa vez, falamos da vida, e na profundidade do que ela é. Em várias ocasiões me vi sentado em uma cadeira de bar me perguntando, discutindo, praguejando-a. A vida apenas nos fode. Somos bons com ela, mas esta não é uma garota sentimental ou um garoto que acredita que sua namorada é puritana, nos deixa de lado nas suas prioridades, e caga em cima das nossas cabeças, mas sempre nos dando golpes de hipocrisia que nos faz sermos viciados nela.
Sempre me fodo tentando explicar minha relação com a vida para alguém, é complicado, num segundo posso amá-la e no outro odiá-la, é como ter um pai drogado ou algo do tipo. Preciso contar sobre algumas coisas que se passaram, nada de extrema importância, mas com conteúdo relevante, fatos que me fizeram escrever, fatos que me trouxeram dos mortos, pois eu podia muito bem só estar feliz, vivendo sem pensar e sendo ignorante com a realidade. Ilusão. Mas o mundo me joga de cara com a parede, e só me resta ver o que é merda e o que não é.
Lembro de uma terça-feira, vinha eu andando pelo calçadão, puxei o último cigarro do maço, e deixei o caminho me levar até algum lugar qualquer, mas fui parar na padaria atrás de mais nicotina. Vida. Voltando o caminho de casa, como todo ser estupidamente humano, minha cabeça me disse, “calma, é uma fase, tudo melhora”. Porra. Tenho isso como algo que me ajuda a seguir em frente, que daqui alguns anos vai ser tudo melhor a vida, o dinheiro, as pessoas, e é claro eu.
Tenho sentido uma mudança súbita em tudo a minha volta, não sei se os bons tempos estão chegando, mas com certeza, sei que os piores ficaram para trás. Passamos por tanta merda, que mal consigo me olhar no espelho pela manhã, sem lembrar o que foi feito, e o que não foi. A vida é cansativa eu sei, mas sempre teremos uma coisa que fará a mudança. Amor. E que se dane toda a merdice escrota do que é o amor, e sim foder uma mulher é em certos casos amor, mas não é o que nos traz a paz, o que nos traz a vontade de continuar, entretanto sempre existe um olhar, um esboço de sorriso, um movimento com os dedos, ou um jeito de enrolar o cabelo que mostrará que você é só um humano apaixonado pela vida.