terça-feira, 29 de maio de 2012

Trechos


- Ah tá, belezinha você !
Me dizia ela assim que percebeu que eu peguei um cigarro dela, sorrindo, sem nenhuma dúvida. Já fazia meia hora que o amigo dela havia ido embora, e nós continuamos nossa bebedeira. Paguei mais três cervejas.
- Agora você vai ter que beber comigo.
- Eu bebo.
- Quantos cigarros ainda temos?
- Alguns.
Enchi meu copo, olhei em volta, o bar ainda estava bem cheio pro horário, mais havia mais mesas livres que quando cheguei. Mudamos para uma mesa coberta, mais aí já sentamos um mais perto do outro. Lembro que pouco antes disso ela reclamou de algo em seu cabelo enquanto eu passei meus dedos sobre ele dizendo o quão bonito ele era. Enchi o copo dela, senti as pernas dela nas minhas :
- Tá frio - Me disse inocente.
Peguei o maço de cigarros em cima da mesa.
- Eu preciso fumar.
- Não.
- Mas eu preciso, é inevitável, tô bebendo, tenho que fumar.
- Temos poucos cigarros, essa e mais duas cervejas, temos que aguentar !
- Eu não consigo.
- Dá um jeito, vira a cerveja, ocupa a boca, pensa em algo !
- Só consigo pensar em um jeito de ocupar minha boca.
- Qual?
- Você sabe.
Ela sorriu, culpada. Sem perceber, nesse momento sentávamos quase que lado a lado. Beijamo-nos.
- Que fique bem claro, não é um elogio.. É que.. barba..
- Como é?
- É barba, tava com saudades de beijar alguém que deixa a barba por fazer.. Tá, que acha de fumarmos um cigarro, tipo, um pra nós dois?
- Agora que tava ficando bom.
Beijei-a de novo, um beijo demorado, afastei o cabelo dela, e beijei-lhe o rosto, a testa, o rosto, o nariz, a boca. A boca.
- Legal isso em você, não é um elogio !
- O quê?
- Isso de tipo, a gente não ter nada um com o outro, e ainda sim, você me dá beijinhos, como casalzinho.
- E não é um elogio?
Acendemos um cigarro, um para os dois, fumamos, conversamos, mais uma cerveja.

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