terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nunca se sabe

As aulas haviam acabado, só tivemos a primeira(uma vantagem da univeridade), dscutíamos sobre qual bar íamos. Acabamos por ir no mais barato, por mim perfeito. A rapaziada queria jogar umas sinucas, aceitei, desde que isso não me impedisse de beber tranquilo. Pegamos as primeiras garrafas de cervejas. Ai, o primeiro gole de cerveja gelada numa noite de calor é incrível, tomei num só gole. Enchi o copo, copos de plástico. Perdemos a primeira partida por uma bola, maldita 13, conversávamos sobre um professor com língua presa que era parecido com uma égua, e sobre as pernas da professora de metodologia, era uma fabulosa coroa conservada. Melhor de três um disse enquanto punha outra ficha na mesa, perguntei a eles sobre a banda que passava no dvd do bar, começamos a discussão sobre música brasileira. Eu já gritava com o garçom como se ele fosse de casa e ele trazia mais garrafas, jogamos, ganhamos a sinuca e eles ainda tinham três bolas na mesa, fora a 8, eu estava jogando muito bem e ganhamos a próxima também. Olhei para o Senhor Garçom, e ele já sabia o que fazer, uma moça passou por nós, mexemos com ela, que decode tentador, mais cervejas, vamos pra outro lugar comprar uma vodka? Juntamos um dinheiro, uma vodka inteira(meio barata), e um refrigerante pra misturar, fomos para o apartamento de um dos rapazes, eles ligavam loucos para amigas, eu já fazia meu segundo copo, 70 % vodka, 30% refrigerante, resolvemos ir para casa de umas garotas, a vodka tinha acabado, e eu já tinha fumado uma carteira de cigarros, comprei mais uma, me perdi dos caras, um deles me ligou, casa das meninas, eles tinham outra vodka e cervejas, bati o 11 do interfone, o portão abriu, cheguei lá e eles se embebedavam, eu não estava bêbado , estava? Elas eram em cinco, nós éramos quatro rapazes, riam de tudo, olhei pela janela, presciso fumar, tem lugar pra fumar aqui? Fuma aí mesmo disse uma morena me alcançando o cinzeiro, mais uma lata? Mais é claro. Tudo gira, mais um gole, mais risadas, mais um copo, são uns loucos, olhei pela janela, cigarro, onde se meteu o cinzeiro? A moça morena fuma, me arranja fogo, mais uma lata, foi um prazer, como chamo o elevador? Que rua vazia, onde está todo mundo, olha só um bar aberto, me vê uma cerveja e um martelo de pinga, vou vomitar, que bar é esse? Vou é pra casa. Onde está minha mochila? Dá duas latas pra viagem, cigarro, porra tenho que apagar, mas já to chegando, cigarro, cama, última lata, risadas e confusão dentro da minha cabeça, tudo gira, apagar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Consequencia inconsequente

Sentir que a cada dia envelhecemos
e não mudamos nada
é inssuportável.


Ter a vontade de acreditar
que tudo isso é uma fase
que um dia esqueceirei e
farei churrasco para família no domingo.
O tempo é tão cru e cruel quanto o mundo,
quanto a vida. talvez quanto a Deus.
Constantemente tento me lograr, me iludir.
Por instantes, tudo bem.
Mas qualquer momento estando só, me perco. Caio.
caio mas dentro de mim, dos meus orgãos, é frio, não acaba.
É horrível, forçar o choro e saber que ele está congelado.
Mudei muitas coisas em mim admito. Mas lá dentro, não.
E também, é algo que está tão bem escondido,
tão bem guardado, que não se pode tocar.
Foi minha escolha, congelar tudo.
A inocência, a verdade, o amor, a paixão, a paz.
Para então poder encarar a realidade.
Monstruosa, retalhadora, escura, doída.
Então todas as noites antes de dormir eu lembro
de um moleque, um rapaz. Saudade.
Me pergunto quem ele é,
e de onde veio, nunca ouvi a resposta.
Começei ontem a ver algumas fotos, e lá estava.
Encontrei o mesmo garoto, realmente, não sei quem é.
Embora ele tivesse alguns traços dos meus pais.
A racionalidade humana, é nosso carrasco.
Eu não posso, não devo acabar como os outros.
As pessoas me dizem, mas eu não consigo acreditar.
Ouço dizer que é tudo perfeito. O mundo, as pessoas.
As pessoas felizes.
desculpe, eu não posso acreditar.
Quando acordo imagino se algo novo vai acontecer.
Serei atropelado? Tomarei veneno, levarei um tiro? Nada.
Então segue tudo igual.
Tento algumas vezes criar motivos, nenhum deles ajuda.
Ultimamente tenho vivido mais pros'outros.
Talvez apenas pra eles.
Fico na dúvida, se sou louco, idiota, neurótico, depressivo ou
apenas estranho.
Creio que apenas uso muito meu cerebro pra inutilidades.
Tem gente nos rádios e televisores que dizem uma coisa,
dizem que tudo vai melhorar.
Estou ansioso por esta injeção de felicidade.
Decerto que é endorfina. Canalhas.

Ontem acordei Bêbe
Dormi criança
e hoje acordei jovem
para dormir
sem confiança.

Mas... Espero realmente que tudo passe
e que seja tudo idiotice, fase, algo passageiro,
coisa da juventude, loucura e tudo mais.
Pois aí voltarei a ter a paz, a paz que aquele
pirralho da foto tinha.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Melodia inesperada.

Eu não me sentia nada bem. O calor me irrita demasiadamente, nem penso em tomar café. Não aguentava mais aquele lugar fechado, com a mesma música da rotina tocando. "O teclado de computadores, telefones, pessoas, canetas, portas, risadas, reclamações, enfim idiotices."
Vi pela fresta da janela a liberdade. Sonhei com ela por uns segundos, então voltei ao dever. Esperei passar a tarde como quem espera um reencontro. Passou... A felicidade que me tomou quando saí, não tinha semelhança ou comparação, fora realmente incrível, entretanto rápida. Decidi aproveitar um tempo daquela noite, fresca e calma, cheirosa. Ainda anoitecia quando encontrei aqueles lindos olhos azuis. Minto, eles me encontraram. Passava pelo corredor da universidade e eles me seguiam, me secavam, me desejavam. Eu retribuí com mesmo impacto, e ambos ficamos estonteados sem saber o que dizer ao outro. Continuei e dobrei o corredor, chegando perto da biblioteca ouvi um violão e algumas risadas, me aproximei. Uma roda de pessoas em volta de um violão. Me ofereceram um gole de alguma coisa quente que recusei por gula e aceitei por educação, então o violão soltou uma melodia que não me traz boas lembranças. Fiquei nervoso e queria acender o cigarro, quando ouvi, vi uma mulher, queria o isqueiro emprestado, uma linda mulher, dei o isqueiro ela acendeu o cigarro, voltou-se para mim, sussurrou um obrigada, e então quando seus cabelos caíram para traz de seus ombros, e de volta para seu rosto em movimentos sincronizados e ensaiados, eu pude ver aqueles olhos azuis. Ela deu uma bela tragada, soprou a fumaça acima de nós dois, a música que eu não lembro ainda tocava, me senti bem. Diferente. Peguei uma das mãos dela, e puxei ela contra meu corpo, ela sorriu sem nenhum tipo de vergonha e me beijou. Ambos cigarros queimavam ao mesmo tempo, na verdade esquecemos deles, apenas ficamos ali sentindo algum sentimento bordo, carmesim, ou acinzentado. O perfume daquela noite ainda está na fumaça dos meus cigarros.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

batida ao solene tempo

Ao relento do tempo
ouço bem atento
soluçar o suave vento.

Começo a crer
que sempre soube ler
em todo anoitecer.

Volto pra mim mesmo
tudo está igual
Me deixei a esmo

Sozinho canto cantigas
com os pássaros ao'ressoar
tempo esquece antigas,

vidas em que eu pude voar.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O tédio tem me impossibilita de escrever
a monotonia de pensar
e a rotina

me impede de ser.

Não entendo, nem pretendo
mais não consigo aguentar
Todos estas pessoas seguindo cada um uma rua
de uniformes, mochilas, carros, ônibus, e tudo mais.
Pra quê?

por que eu presciso disso tudo ein?
qualquer hora me mato ou mato alguém só
pra ter um dia de paz.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Olhos de megera
tão sincera
tão severa
quem me dera

ter um dia o coração teu.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Meu corpo ficou vazio
A alma não pertence a ele
Estou completamente sem espírito

Mas não morri

Alimento-me por hábito
Durmo pelo costume
Olheiras fundas

companheiras de meus olhos
gritam solenes por atenção

e eu apenas pisco forte
lavo o rosto com água gelada
e não deixo as olheiras irem embora.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Praças e Duques

Mais e mais estávamos cansados de cansar,
Penso em viajar nesses tempos.
Detesto calor,
e não vejo a hora de raiar o verão.

Agora, tra-ça-do o curso de mi vida*
não há condições de voltar ao passado e limpar.
Limpar meus sonhos.
Foi no momento em que sonhei,
que deixei de viver,
e passei a acreditar.

Lembro dos tempos em que pra mim,
o mundo era áureo, chorava seu brilho dourado,
através de nossos olhos.

Tempos estes em que a ingenuidade me conhecia,
a isenção de más intenções, me acompanhava.

Começa sempre em março,
normalmente em algum fim de semana.
Alguns deixam-se antes, outros depois
mas todos têm a sua vez, e por fim

corpos esparsos ao chão de uma praça.
Calados por fora,
Gritando uns com os outros por dentro,
Sorrindo e chorando,

por que não entendiam,
não podiam saber,
nem vão entender,

que aquilo era pra acontecer,
escolhidos a dedo,
que por peças do destino,
foram de encontro a caminhos
diferentes,
mas coerentes.

Um nem sabe mais meu nome,
outro apenas tem lembranças nubladas,
um nem quer mais lembrar,
mas todos sabemos que,

quando começamos a cantar n'um péssimo espanhol
e a frequência de reuniões malditas aumentou,

Cada um no outro, nem que por um dia, se encontrou.

E eu, apenas lembro com saudades,
nostalgia todo mundo sente,
eu tenho é saudades,
também medo,
mas acho,
ou sei,


Que março existe todo ano,
provavelmente em algum fim de semana,
esquecerei toda esta besteira,

e viverei novamente a descoberta do mundo.

Mágica no início,
cansada no
decorrer
sem
fim.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Rotina de impulsos.

Exatamente 7:26 da manhã(drugada) estou saindo de casa.
Os pedreiros da obra ali por perto parecem estar trabalhando
desde das 3.

7:29 as duas garotas, com bolsas de Ed. física cruzam meu caminho
a loira e a ruiva.
segundos atrás delas, um rapazote de uns 15 anos
gosto do tipo dele, mas ele devia parar de babar.
Afinal são apenas duas bundas.

Passando ao lado do terminal, lá por 7:32
enquanto dois carros, um vermelho e um preto
estão parados a roncar no sinal, passa sorrindo pra mim
a moçoila de branco, loira de rosto inocênte e corpo culpado.

Dois cachorros sempre param se lambendo
perto da banquinha em que os aposentados tomam
café com qualquer coisa. Isto acontece 7:35.

Quando já são 7:38 a namorada do bombeiro se despede
ele segue seu caminho e ela aproveita pra levar
Dodô, o cachorro, para passear.

A dona Marta nunca se atrasa.
7:45 lá está ela abrindo as porta de sua
pobre banca de jornal. Ela gosta disto,
o sorriso a entregou.

No posto, um carro de luxo,
de chamar atenção, branco,
para abastecer. Cláudio, o frentista,
sempre ganha boas gorjetas ás 7:47.

Perto da padaria, descendo do prédio,
a mulher inteira do homem cansado vai a
padaria comprar pães. Apenas 7:49 da manhã(drugada) e
esta já provoca pobres com suas roupas de ginátisca.

Quando bate 10 prá's 8 é que percebo o corre-corre.
passa a dentista, o estudante, o casal apaixonado,
o vendedor de cintos, e eu passo na frente da rodoviária...

Lacro meus pensamentos, fico perdido,
pessoas diferentes, não tanto. Sim o senhor de jaquetas
de couro está ali duas vezes por semana.
E a moça de batom vermelho, pele pálida. sempre está lá.

Estou chegando ao destino, esqueço de mim,
até de você, sumo, assumo, e começo
a virar um projeto
de homem,

perdido.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Quando mendigos morrem,
não brilham estrelas novas,
ou
mais brilhantes no céu.

Nunca sabe-se o que uma mulher diz
ao saber
que ela não é mais quem te faz sofrer.

Sempre saberemos que os filhos,
os nossos,
jamais serão perfeitos,
mas chegam bem perto.

Ouvi falar que deve-se ter
consciência total de seus atos,
e assumir responsabilidades.
Mentira.

As pessoas são puramente
feitos de ódio e dor
enrustida, graciosamente,
pelos olhos,
pelos gestos,
pelos sentimentos doces.
Verdade.

Apenas os desabafos,
vomitar as palavras,
isto me acalenta.

Ou pelo menos eu sou suficientemente
estúpido e acredito em milagres. Acredito,

mas não hoje.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Apenas como era pra ser

Era pra ser uma coisa feliz, encontra-la na despedida.
Não entendo despedidas.

Bom, ao menos tomamos uma cerveja e meia juntos.
Ouvia a banda, eles tocavam Casa das Máquinas, e ela
dançava perturbadoramente graciosa. Eu estava com azia.
Era um barzinho bom, exceto pela maioria das pessoas,
e o preço, não que fosse tão caro,
mas era mais do que eu me dispunha para pagar.
No momento em que eu cheguei as duas abraçaram-me ao mesmo tempo.
Me beijavam o rosto. Uma delas tinha um cisco, um em cada olho.
Devia estar doendo.

Conversamos sobre como a vida havia sido dura para ambos,
eu discordava. Olhei para a "primeira" e disse queia fumar.
Ela me acompanhou.
No "fumódrumo" improvisado do bar,
encontrei dois caras
discutindo cinema brasileiro,
depois estrangeiro, e por último,
Bukowski.
Pensei em me meter no diálogo dos dois, desisti fácil.

Conversamos por uns quinze minutos. Eu e a "primeira".
Por fim, esta se cansou e foi dançar. Esta dançava mal.
Voltei lá pra cima, a "segunda" esta beijando um cara.

Não sei o que acontece. Tive um caso a muito tempo com ambas,
e nunca senti nada de mais, amor.
Agora meu estômago fervia.
Eu sabia que a qualquer momento que eu a chamasse,
ela largaria do sujeito e viria me dar atenção.
Bem, foi o que eu fiz.

Olhava para ela como um pai vê uma filha. Ou não.

O que eu sei é que sempre estou disposto por ela.
Fomos dançar. Era lindo. Tocava Creedence e eu comprava outra cerveja.

Então me dei conta que já eram duas e meia da manhã,
e eu tinha de estar em outro lugar.
Outro bar.

Contei isto pra "primeira", me deu um beijo, virou-se para a amiga e foram ao banheiro.

A "segunda" estava no banheiro. Os amigos dela e o "carinha" que estava com ela,
estavam chapados e demasiado bêbados, com pouca bebida.
Ela saiu. Sorriu apenas como ela sorri ao me ver, me deus as mãos.
Eu disse "estou indo".

O sorriso virou uma careta doce,
as suas delicadas mãos apertaram as minhas.

O som da banda estava muito alto,
Ela soluçou umas duas vezes,
quando veio me abraçar.

Nunca isto tinha me acontecido.
Ela sussurrou algumas palavras e por fim
"Eu te amo".

Eu acreditei, e retribuí.

Quando um abraço é muito forte, sente-se o coração do outro bater.
Mas desta vez,
as palavras,
o abraço,
alguma coisa,

fez nosso corações baterem em sincronia. Os mesmos intervalos.
Até a música silenciou, esquecemos a balburdia em volta.
Não consegui dizer mais nada. Apenas não queria larga-la.

O uníco som que ouvimos durante um minuto inteiro,
vinha de ambos nossos peitos.

Com muita dificuldade nos separamos, embora ainda juntos,
ela voltou a sorrir, eu ainda não conseguia falar.
"Vou sempre lembrar de você, nunca me esqueça, tá bem"
O máximo que eu consegui fazer foi

apertá-la de volta junto ao meu corpo.

O "carinha" foi embora,
a "primeira" nos observava com um pingo de inveja.
Eu me demorei mais alguns segundos, sorri para ela,
pisquei algumas vezes,
o que fez a fumaça entrar
nos meus olhos,
e uma lágrima
escorrer.

Desci as escadas, paguei a conta, saí do bar ainda tonto.
Acendi um cigarro.
Meu coração havia voltado ao normal.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Poema ao solitário

Poema ao solitário


O café já não queria descer
não estava quente
ou
frio.
Morno.
Tédio.
Médio.

Fumava os cigarros apenas
pelo vício.
Tinha me esquecido
de apreciá-los.

Com o café.

Tentei o violão
mais não exista melodia capaz de
sair. Ou iludir.
deixei-o de lado. Saí.

Nas ruas as pessoas haviam perdido
a cor, a expressão, a alma.
Crianças brincavam sem diversão,
e sim por obrigação.
Lembrei de quando era melhor
nos tempos mais simples,
em que eu não bebia.

Notei a quantia de inocência que me é roubada
a cada tragada de cigarro.
E também que eu não mais
hesitava
ao
dar
o
primeiro
gole.

Pedi mais dois livros na biblioteca
talvez nem fosse para ler
mas sei que eles
vão me
ajudar. Folheá-los sem escrúpulos.
apenas por prazer.

Entrei em uma lanchonete. Pedi chá.
Acendi meus pensamentos
com a brasa do meu cigarro.
Abri um livro. Não queria ler.
Fui ao balcão.

Olhei para a garçonete. Vida triste.
Paguei a conta.
Voltei.

Nas calçadas as pessoas que passavam por mim
cheiravam bem.
Creio que só eu estava fumando.

A monotonia estava fúnebre
e isto me instigava
a esquecer, E continuar.

Eu nem sei se consigo.

Tinha uma pessoa diferente na rua hoje.
Um tipo estranho. Mal encarado.
Mas ao menos se destacava.

Eu estava á beira da insanidade
quando ouvi o céu
a me confessar.
Que ele é azul a muito tempo
e que por isto
necessita chover. Anoitecer.

Chorei quando cheguei em casa
apenas para passar o tempo.
Lembrava da minha última refeição.
Estava muito boa.
Eu não fazia questão de comer.
Merda. A carteira de cigarros estava para acabar.

No caminho para comprar
os cigarros,
Passei por um bar. Achei que ele nem existia mais.
Ou talvez eu que não existisse.
Entrei.

O dono do bar era o mesmo. Um senhor
cego de um olho, bigodes e mal humor.
Pedi cerveja. Sentei.
Me assustei quando não achei a mesa de sinuca.
Mas fiquei feliz por agora existirem banheiros.

O dia não queria passar.

Comprei cigarros com o mesmo
entusiasmo com
que trabalho.

Queria conversar.
Pensei em ligar para alguém,
mas sabia que estariam ocupados.
Começou a chuviscar. Meu ânimo melhorou.
Estava Frio.
Lembrei do café. Nunca perfeito.

Fiquei ali. Fumando.
Reconsiderando,
Amando
as gotas
que caíam dançando com o vento.
Gelando meu rosto, minhas mãos,
mas aquecendo
minha solidão.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sono tão esperado

Restou-me justamente um pedaço
de alegria. Dentro de minh'alma.

Meus ouvidos sibilavam
ininterruptamente. Ardiam.
Já não mais sentia
aquele perfume.
Corria.
Suplicava obrigações
dispunha perdões.

Sobrava longanimidade por
todo meu corpo.

Não mais me apetecia dormir
mesmo com
estas
olheiras, inseparáveis

de meus olhos.

Escurecia. Não lembrava mais.
Dormia apenas por me deixar
dormir.
Sem descansar
sem sonhar
esqueci até de roncar.

Dormi para não acordar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Continuávamos deitados. Ela sorria e brincava com meus cabelos. Eu ainda ofegava.
"Gosta de poesias." Perguntei. "Nâo conheço muitas", ela respondeu me beijando a face.
"E se eu recitar algum verso para ti?". Ela riu."Ai, como você é lindo!"
Fiquei imaginando se ela usava sarcasmo ou não.

"Quem sabe poderíamos ver as estrelas ali na sacada?". Tentei. "Está frio."
Por algum motivo, eu estava confiante neste dia.
"Imagine nós dois aqui, com o tempo esvaindo-se, devorando-nos um ao outro"
Ela olhou assustada. "Devorando?".
Eu acendia meu segundo cigarro em menos de cinco minutos.
"Que tipo de música você gosta?" Eu importunava. "Na verdade sou eclética"
("Deve ter lido isto em algum lugar, merda.") eu pensava.
Ela me olhou com olhos inocentes por exatos quatro segundos. Apaguei o cigarro. Beijei-a.
Ele virou-se para mim, riu-se, e disse:
"- Você vai queimar no fogo do inferno meu amigo. E acredite, ele existe."
Demorei um minuto ou mais, e então falei calma e intuitivamente.
"- Quanto a me queimar eu acredito, já no fogo...O inferno é gelado meu amigo. Tão gelado, que queima. Frio. Assim como o teu coração, que aliás é mais quente que muitos outros."
Ele ficou meio assustado com a resposta, acho que ofendido.
"- Frio é? por que achas isto? e o Demônio, usa jaquetões?"
Sorrimos por momentos.
"- Mais ou menos isto. Não podia ser quente, me disseram que o amor é algo quente, o fogo da paixão e tudo mais, não combina."
Ele retrucou.
"- Por outro lado poderia ser uma junção Frio. Calor. Afogando-nos em choques térmicos."
Gargalhei.
"- Sendo assim, penso em reconsiderar esta de ainda ir pro inferno, e prestar atenção ao nosso redor, não acha não?"
Olhou-me. Procurava algum argumento. Achou.
"- Ah. E quanto ao Lúcif... "- tossiu a fumaça do cigarro, pigarreou. Cuspiu. Prosseguiu
"- E quanto ao Diabo, se o inferno é aqui, onde está ele? Quero vê-lo!"
Desta vez ele não teria o que responder.
"- Simples, podes encontra-lo a qualquer dia, momento. Assim como eu."
"- Como?"
"- Encares um espelho."