quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Melodia inesperada.

Eu não me sentia nada bem. O calor me irrita demasiadamente, nem penso em tomar café. Não aguentava mais aquele lugar fechado, com a mesma música da rotina tocando. "O teclado de computadores, telefones, pessoas, canetas, portas, risadas, reclamações, enfim idiotices."
Vi pela fresta da janela a liberdade. Sonhei com ela por uns segundos, então voltei ao dever. Esperei passar a tarde como quem espera um reencontro. Passou... A felicidade que me tomou quando saí, não tinha semelhança ou comparação, fora realmente incrível, entretanto rápida. Decidi aproveitar um tempo daquela noite, fresca e calma, cheirosa. Ainda anoitecia quando encontrei aqueles lindos olhos azuis. Minto, eles me encontraram. Passava pelo corredor da universidade e eles me seguiam, me secavam, me desejavam. Eu retribuí com mesmo impacto, e ambos ficamos estonteados sem saber o que dizer ao outro. Continuei e dobrei o corredor, chegando perto da biblioteca ouvi um violão e algumas risadas, me aproximei. Uma roda de pessoas em volta de um violão. Me ofereceram um gole de alguma coisa quente que recusei por gula e aceitei por educação, então o violão soltou uma melodia que não me traz boas lembranças. Fiquei nervoso e queria acender o cigarro, quando ouvi, vi uma mulher, queria o isqueiro emprestado, uma linda mulher, dei o isqueiro ela acendeu o cigarro, voltou-se para mim, sussurrou um obrigada, e então quando seus cabelos caíram para traz de seus ombros, e de volta para seu rosto em movimentos sincronizados e ensaiados, eu pude ver aqueles olhos azuis. Ela deu uma bela tragada, soprou a fumaça acima de nós dois, a música que eu não lembro ainda tocava, me senti bem. Diferente. Peguei uma das mãos dela, e puxei ela contra meu corpo, ela sorriu sem nenhum tipo de vergonha e me beijou. Ambos cigarros queimavam ao mesmo tempo, na verdade esquecemos deles, apenas ficamos ali sentindo algum sentimento bordo, carmesim, ou acinzentado. O perfume daquela noite ainda está na fumaça dos meus cigarros.

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