quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O exagero está na ausência

O exagero é grande. Admito. Mais exagerado que o exagero, talvez apenas a ausência. Deparar-se com a mesma pasta de dentes todos os dias, tomar o mesmo caminho para o trabalho, ver as mesmas pessoas com rostos diferentes, nos causa pânico enrustido em sorrisos. Nasce o exagero. Mais n'outro dia ainda, vivenciei algo que era exagero, mais acontecia, foi sonho? Por isso eu digo, escritores desconhecem seu próprio exagero. Exagero até na palavra exagero. Dane-se o anaforismo. A vontade de transmitir o que foi vivenciado é enorme, mas realmente acontece? Ou simplesmente tudo que leio não passam de idéias baratas de mais um bêbado, ou um demente, ou um vendido qualquer? As palavras só acabam quando os dedos atrofiados de tanto contar histórias caem. A inspiração? Ela vem do excesso dentro de nós. Mas como? Porque? Devido a falta. A ausência das outras pessoas, a ausência das pessoas em suas próprias vidas. O excesso de ausência. E então, no fervor, no exagero dentro dos malditos escritores que podem tudo "Se eles tomam duas garrafas, no texto, elas se transformam em cinco"¹. Loucos que exageram por não ter vivido o que escrevem, ou por não terem vivido o suficiente o que descrevem, ou simplesmente por prescisarem viver o que ex-crevem. Malditos exageros não é moça do café e cigarros? A sintonia das palavras se perde. O mundo admite apenas um destino, com um só Deus sobre ele. É violento, é rápido, e se parado bruscamente deixa sequelas. Isto se for possível para-los. Todos estes extremistas querem alguma coisa, alguma coisa que os complete. Como isto não existe, os desgraçados tentam inventa-la através de suas mentiras, suas mentiras que retratam o mais verdadeiro sentimento dos humanos. Essa ilusão criada, certamente que pode ter sido algo real, claro, que aconteceu veridicamente, mais a partir do momento em que começam a serem contadas, transformam-se junto com todo o mundo, passam por uma metamorfose, dormem, somem criam-se, renascem. Como pode um Ser contar sobre algo que não vivenciou? Não pode. Por isso, existem os mais malditos que os malditos, que exageram sem nem saber como que foi. As suas frases viram temas, Seus textos até épicos(dane-se), mas, não passam de exageros. Extremistas todos, que engrandecem tudo que lhes é dado, mas o mais incrível que os mesmo exagerados, têm o dom de se auto-diminuir. E podemos sim afirmar, que tudo é verdade, que não inventamos nada, até porque, sempre nos pegarão sorrindo, já que nunca aprendemos a chorar. Egoístas como ninguém, Todos temos um perfilzinho. "Somos uns putos e umas putas. Os escritores - e suas escritas propositalmente muito mal engrandecidas - são um exagero."

Um comentário:

  1. exagerar, às vezes, pode até ser. mentir, bem, esses são escritores que não me agradam. acredito que o melhor escritor é aquele que mesmo escrevendo ficção é sincero, ou seja, aquele que fala a verdade ou até mesmo invente sua própria verdade pra que nela seus leitores possam acreditar. exagero? sim, a vida pode ser um exagero e nem sempre é mau.

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